Salão de São Paulo: cinco clássicos para ver de perto (mas sem pôr a mão)
(SÃO PAULO) – Ainda bem timidamente, fabricantes de automóveis instaladas no Brasil vão abrindo espaço para carros antigos. Estamos longe do esquema executado por suas matrizes – que patrocinam grandes eventos e têm departamentos específicos (Audi Tradition e Jaguar Classic são exemplos) –, mas os clássicos estão nos seus radares, ainda que sejam, por enquanto, apenas um pequeno ponto.
O Brazil Classics Renault Show, realizado em setembro, foi uma chama de esperança. Outras amostras do reconhecimento do antigomobilismo (ainda pálido, insisto) estão no Salão do Automóvel de São Paulo.
1 – Cruzando as catracas, peque a rua à direita para ver um Jeep Willys M38A1 1953. Segundo seu proprietário, esse exemplar pertenceu aos fuzileiros navais norte-americanos e depois aos fuzileiros navais brasileiros. Está exatamente como era originalmente – e dá pra ver tudo bem de perto, já que o jipe está no chão, relativamente acessível.
2 – Na lateral oposta fica o estande da Mercedes, que mostra a evolução do Classe G com dois exemplares: um G 63 AMG da atual geração e um G 300 de 1981. Lamento que esse fique atrás do estande, e não nele, ao lado do modelo atual, mas a vantagem é que dá pra chegar bem perto, espiar o interior (que tem bancos com estofado xadrez impecáveis) e constatar o belíssimo trabalho de restauração executado. Curiosidade: trata-se do primeiro Classe G a desembarcar no Brasil.
3 – Quase em frente ao espaço da Mercedes está a Toyota, que botou um Bandeirante no pedestal para não deixar ninguém esquecer qual foi o primeiro carro da marca no Brasil. E não é qualquer Bandeirante: das 75.034 unidades montadas/fabricadas na planta de São Bernardo do Campo (SP) de 1959 a 2001, esse do Salão, numa belíssima combinação de carroceria azul com rodas brancas, é o último.
4 – Na Porsche, um 356 A 1957 parece ter saído da linha de montagem ontem, direto para o Salão. Pneus, frisos, para-choque, tudo em perfeito estado. Os bancos, revestidos em uma espécie de couro bordô, têm o brilho da pouca idade. Até a plaqueta da Reutter, a empresa que construía as carrocerias para a Porsche, está lá, na base do para-lama direito.
5 – Para fechar a caminhada pelos clássicos do Salão, um Opala pilotado por Paulo Gomes, tetracampeão da Stock Car.
Comparada à anterior, esta 30a edição jogou mais holofote sobre os clássicos. Há mais deles em evidência nos estandes (na Fiat, vê-se de longe o 500), sem falar nos encontros paralelos, como a carreata de Volkswagens que culminou num Gol GTi no estande e a Noite Renault. Definir se "melhorou" ou "piorou" é superficial, no entanto.
Em 2016, a Suzuki plantou um Jimny 1976 ao lado do então modelo atual, enquanto a Mitsubishi trouxe um PX-33 1937, seu primeiro 4×4. Amontoados nos cafundós do pavilhão, isolados por uma daquelas fitas para organizar fila de banco, um Fissore, um Opala, um 147 e uma Kombi claramente não sabiam o que faziam ali, solitários e perdidos.
Sem falar na Romi-Isetta azul e branca praticamente fora do pavilhão, assistindo o espetáculo de longe, como se não fizesse parte da festa que ela mesma inaugurou, 64 anos atrás.
Talvez os clássicos não tenham ganhado apenas evidência nesse Salão, mas também dignidade.
(Corra até os 2 minutos e 28 segundos para assistir ao vídeo).
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