Há 75 anos, VW se libertava dos nazistas para começar a produzir o Fusca
(SÃO PAULO) – Há exatos 75 anos, a fábrica da Volkswagen na região então conhecida como "Stadt des KdF-Wagens" era libertada do domínio nazista e começava a retomar suas atividades civis. No dia anterior, 10 de abril de 1945, o último dos 50 Kübelwagens (o jipe militar baseado no Fusca) destinados ao exército alemão foi concluído, pontuando o fim da produção bélica, após 66.285 veículos feitos para a Segunda Guerra Mundial.
Ao assumir o controle, oficiais do exército norte-americano encontraram cerca de 9 mil pessoas trabalhando na planta, quase 8 mil delas forçosamente – a maioria desses judeus, prisioneiros de guerra e gente da União Soviética. Coube aos EUA promover e organizar a repatriação de todos. E também instituir uma administração e um conselho municipais. Foi quando "a cidade dos KdF-Wagens" virou Wolfsburg, sede da Volkswagen desde então.
Quanto à planta, os americanos reergueram alguns setores destruídos por bombardeios e reativaram a produção com 133 Kübelwagens, delineando o fim da fábrica de armamentos e o começo da fábrica de veículos civis.
Mas foi sob conduta dos ingleses, que assumiram em junho de 1945 o setor da Alemanha que lhes cabia, que a Volkswagen deu os primeiros passos na direção do que viria a ser ao expelir da linha de montagem os primeiros 55 Fuscas pós-guerra, em 27 de dezembro de 1945. Começava então a produção em série do carro mais popular do planeta.
("Pós" porque houve os pré-guerra, de certa forma. Em junho de 1934, Adolf Hitler (1889-1945) e Ferdinand Porsche (1875-1951) assinaram o contrato para desenvolver o "carro do povo", que de acordo com as orientações do Führer deveria ser robusto, econômico, barato e tecnicamente capaz de transportar dois adultos e três crianças a 100 km/h.
Os protótipos finais desenhados por Porsche e seu braço direito, Erwin Komenda, foram apresentados em 1938, mas poucas unidades foram produzidas antes do conflito. Seu nome oficial era KdF-Wagen, sigla de "Kraft durch Freude", que em português seria algo como "força através da alegria". Foram cerca de 630 KdF-Wagen fabricados até o fim da Guerra, destinados a fins políticos e militares. Isso explica o fato de o Fusca mais antigo do mundo ainda vivo ser de 1941).
Nessa recondução ao seu papel inicial, o de fabricar carros para o povo, Wolfsburg foi entregue ao major inglês Ivan Hirst. É bom lembrar que o destino da fábrica, e consequentemente da montadora alemã, ainda estava indefinido.
Uma opção seria acabar de vez com o que havia sobrado após ataques dos Aliados, o que levaria à exterminação também da comunidade ao redor da fábrica. Outra seria reconstruir tudo, o que também não empolgava ninguém – as montadoras inglesas, consultadas sobre uma eventual incorporação da ex-fábrica nazista, não acreditavam no potencial daquele carrinho de linhas arredondadas.
Credita-se a Hirst, principalmente, a sobrevivência de Wolfsburg naquele pós-guerra de manufatura artesanal e desorganizada. Mais: foi dele a indicação para Heinz Nordhoff, um ex-diretor da Opel com passagem também pela BMW, se tornar o diretor-geral da Volkswagen a partir de janeiro de 1948, quando chegara enfim o momento de reconduzir a empresa ao povo alemão.
Com Nordhoff no comando, a Volkswagen pavimentou o caminho para as mais de 21 milhões de unidades vendidas do Beetle, lançou a Kombi e foi uma das protagonistas do milagre econômico que foi a Alemanha Ocidental nos anos 1950 e 1960.
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