Volkswagen Fusca: caro e raro, "split window" esbarra nos R$ 240 mil
(SÃO PAULO) – Quem passeia pelo Encontro Brasileiro de Autos Antigos (que vai até amanhã, 23, em Águas de Lindóia, no interior paulista) pode conferir com os próprios olhos: um Volkswagen Fusca 1950 está anunciado por R$ 240 mil.
"Esse é um carro de US$ 70 mil nos EUA. Quem quiser importar um hoje desembolsará cerca de R$ 500 mil, contando a conversão do dólar e os impostos", justifica Alex Fabiano, o vendedor. Restaurado, o modelo mantém a tapeçaria alemã e o motor de 1.100 cm3.
O que faz um Fusca custar mais do que qualquer Volkswagen zero-quilômetro é o grau de exclusividade do modelo. "Quanto mais antigo, mais raro. Não tenho como te afirmar quantos split há no país atualmente, mas acredito que não mais que 130, entre oval e split", explica Alexandre Lopes de Almeida, presidente do Fusca Clube do Brasil.
"Split" é uma referência aos primeiros Fuscas, que têm a janela traseira dividida – daí o nome, em inglês. Foi com esse estilo que as primeiras unidades do carro mais famoso do mundo desembarcaram no Porto de Santos em 11 de setembro de 1950, importadas pela Brasmotor – que, a partir de janeiro do ano seguinte, passou a recebê-los desmontados (no esquema CKD) e montava-os aqui.
Em 1953, a coluninha central do vidro traseiro desapareceu e logo veio o apelido "oval". Com esse visual o Fusca inaugurou a manufatura da Volkswagen no Brasil, em 23 de março daquele ano. Num galpão na Rua do Manifesto, no bairro paulistano do Ipiranga, doze operários montavam o carro, que chegava da Alemanha desmembrado.
22 de junho
De acordo com a VW, foram 2.268 unidades do Sedan (o nome oficial do Fusca) e 552 da Kombi feitas ali entre 1953 e 1957, quando a empresa se instalou na Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo. O primeiro carro produzido na nova fábrica foi a Kombi, em 2 de setembro de 1957. Dali, o primeiro Fusca só sairia no dia 3 de janeiro de 1959.
Portanto, atenção, leitor: em 2019 são comemorados os 60 anos da produção nacional do Fusca, mas a celebração de hoje, 22 de junho, é por outra razão.
Naquele dia de 1934, Adolf Hitler (1889-1945) e Ferdinand Porsche (1875-1951) assinaram o contrato para desenvolver o "carro do povo", que de acordo com as orientações do Führer deveria ser robusto, econômico, barato e tecnicamente capaz de transportar dois adultos e três crianças a 100 km/h.
Os protótipos desenhados por Porsche e seu braço direito, Erwin Komenda, foram apresentados em 1936, enquanto as primeiras unidades entraram em produção em 1938. Seu nome oficial era KdF-Wagen, sigla de "Kraft durch Freude", que em português seria algo como "força através da alegria".
No entanto, o estouro da Segunda Guerra Mundial em 1939 interrompeu os planos de produzir e vender o carro do povo. "Foi pouco depois do primeiro Natal do pós-guerra, em 1945, que o primeiro Volkswagen Type 1, que como Fusca seria posteriormente vendido mais de 21 milhões de vezes, saiu da linha de produção. No final de 1945, apenas 55 veículos haviam sido produzidos no total", esclarece a Volks.
Os cerca de 630 KdF-Wagen fabricados até o fim da Guerra, numa planta construída em Wolfsburg exclusivamente para ele, foram destinados a fins políticos e militares. Isso explica o fato de o Fusca mais antigo do mundo ainda vivo ser de 1941.
Como o Fusca de Lindóia, um"split".
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