Você pode encomendar para-choques novos se tiver um Lancia Delta Integrale
(SÃO PAULO) – Aqui e ali, ainda discretamente (mas cada vez menos), fabricantes resgatam seus modelos fora de linha de alguma forma. Recentemente, a Jaguar relançou um kit de ferramentas do E-Type (ele próprio um dos protagonistas do programa de restauração oficial da marca), enquanto a Porsche anunciou que vai produzir edições especiais do 911 inspiradas em modelos lançados entre os anos 1950 e 1980, pouco mais de um mês após ter relançado manuais de proprietário de clássicos. E exemplos de eletrificação "oficial" de clássicos sobram.
Agora é a vez da Fiat Chrysler Automobiles, que voltou a produzir os para-choques do Lancia Delta Integrale. Me parece óbvio que trata-se de um movimento que acompanha o Heritage HUB – e o vídeo abaixo não deixa dúvidas de que o departamento de clássicos da companhia, criado em 2015, vai além de apenas cuidar do acervo, aberto no início do ano.
"Diferentemente das opções alternativas, que incluem o uso de peças originais raramente disponíveis ou cópias de fibra de vidro, a linha de peças de Heritage usa os materiais originais para produzir os para-choques dianteiro e traseiro do Lancia Delta Integrale. Eles são construídos com o uso de quatro peças do equipamento original, que foram encontradas abandonadas na fábrica de San Benigno. Após extensa manutenção para verificar todas as partes móveis e circuitos elétricos e hidráulicos, o equipamento agora é usado no processo de moldagem padrão dos para-choques", explica a empresa.
Trata-se de uma grande notícia simplesmente porque o Lancia Delta Integrale é um dos esportivos mais amedrontadores, belos, raros e míticos de todos os tempos – e por isso disputado entre colecionadores.
Sua história começa no fim dos anos 1980, quando quase todas as montadoras queriam estar no Campeonato Mundial de Rali. Só que, para competir, a regra era ter cinco mil exemplares de determinado carro – no seu caso, o Delta Integrale – homologados para uso "civil". Tal foi o sucesso comercial daquele hatch de 200 cv e capaz de alcançar os 100 km/h em 5,5 segundos, que a marca italiana acabou produzindo quase nove vezes mais do que deveria. No fim das contas, a Lancia venceu com o Delta Integrale dois mundiais de piloto e seis de construtores.
Em meio a fusões não consumadas e a iminente união com a PSA, a FCA dedicar uma pequeníssima parte de tempo e dinheiro fabricando peças para um carro de coleção é de se comemorar.
Ainda que por enquanto seja apenas com dois para-choques – que custam R$ 12 mil, aliás.
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