Porsche 911 Turbo: lenda começou em 1974 e se aproxima da sétima geração
Rodrigo Mora
25/09/2019 08h00
Enquanto o novo não chega, vale relembrar as gerações anteriores.
930 (1974 a 1989) – Com 11 anos de carreira, o 911 ganhava a versão Turbo, que entrara em produção no ano seguinte à sua apresentação, durante o Salão de Paris de 1974. Carros de rua sobrealimentados ainda eram novidade, e por isso a Porsche foi buscar em modelos de pista – como o 917, vencedor das 24 Horas de Le Mans – a tecnologia para elevar o poder do motor 3.0 seis-cilindros para 260 cv e 35 kgfm de torque – números até mesmo perigosos para meados dos anos 1970.
911 Turbo "930" (Imagem: divulgação)
Leve, de entre-eixos curto e sem assistências eletrônicas, era um carro selvagem – e por isso mesmo emocionante. Não por acaso o 911 logo fora apelidado de "widowmaker", por sua capacidade de elevar o número de viúvas. A velocidade máxima era de 250 km/h.
Visualmente, o 911 Turbo se destacava pelos para-lamas mais largos na traseira e o enorme aerofólio "Whale Tail" (rabo de baleira). Em 1977 a cilindrada saltava para 3.3 litros, dando ao topo de linha da Porsche 300 cv e 44 kgfm de torque. Dez anos depois o Turbo Cabrio estreou, até que em 1989 a dupla ganhou enfim um câmbio de cinco marchas.
911 Turbo "930" (Imagem: divulgação)
964 (1990 a 1994) – Construído sobre nova plataforma, manteve o 3.3, mas agora com 320 cv. A nova configuração levava o esportivo aos 270 km/h, o que obrigou a fabricante a redimensionar freios e suspensões.
911 Turbo "964" (Imagem: divulgação)
A segunda geração é marcada pela consolidação do Turbo S, sempre mais forte que o Turbo, e pela criação de versões ainda mais radicais. Como o raro Turbo S Leichtbau, de 381 cv e 180 kg mais leve que o modelo de produção. Foram apenas 86 unidades construídas, e cada uma delas pode chegar a US$ 1 milhão.
911 Turbo S Leichtbau (Imagem: divulgação)
993 (1995 a 1998) – É na terceira geração que o 911 Turbo dá seu primeiro grande salto tecnológico. Uma das principais mudanças está nas rodas motrizes: à época, a Porsche achava que seus carros de passeio com mais de 400 cv só poderiam ser aproveitados com segurança se tivessem tração integral e não apenas traseira, como até então. E um inédito câmbio manual de seis marchas chegava para administrar melhor tanta potência.
911 Turbo "993" (Imagem: divulgação)
Já o motor, que no fim da geração anterior tivera a capacidade aumentada para 3,6 litros, virava biturbo e chegava aos 408 cv. Foi o último 911 Turbo refrigerado a ar, o que faz dele hoje um dos carros mais cobiçados entre colecionadores.
Há exatamente um ano, a Porsche revelou o Project Gold, que nada menos era do que um 993 restaurado à perfeição, tendo inclusive o motor original reconstruído. Levado a leilão pela RM Sotheby's, foi arrematado por € 2.743.500 (R$ 11.242.000).
911 Turbo "993" (Imagem: divulgação)
996 (2000 a 2005) – Que o 911 Turbo seria ainda mais dinâmico na nova fase, todos esperavam. O que fãs não aceitaram tão fácil foram os novos motores (agora com 420 cv) de arrefecimento líquido, o que para alguns matou parte do "sabor" do carro.
911 Turbo "996" (Imagem: divulgação)
O "996" ainda apresentava ao 911 Turbo recursos de segurança, como o controle de estabilidade, e o câmbio automático, já comum nos demais modelos da gama desde a geração "964". Abandonado nas séries "993" e "964", o Turbo Cabrio volta, agora com capota de acionamento elétrico.
911 Turbo Cabrio "996" (Imagem: divulgação)
997 (2006 a 2012) – O estilo do último 911, cujo conjunto ótico frontal trazia faróis de neblina integrados aos principais, não tinha agradado. Então a quinta geração retomou as origens estilísticas e acabou com a polêmica.
911 Turbo "997" (Imagem: divulgação)
Resolvida a questão visual, a Porsche se concentrou na dinâmica: um inédito sistema permitia que as palhetas das duas turbinas tivessem seu ângulo de abertura alterado conforme a rotação do motor, melhorando a eficiência tanto nas altas quanto nas baixas rotações.
Em 2008, o câmbio Tiptronic dá lugar a um automatizado de dupla embreagem (PDK), que até hoje é referência em precisão e rapidez nas trocas de marcha.
911 Turbo S "997" (Imagem: divulgação)
991 (2013 a 2018) – Na sexta encarnação, o motor 3.8 do antecessor foi mantido, mas agora com 520 cv. Na versão S, 560 cv.
O interior do 911 Turbo também recebia mais atenção. O banco do motorista passou a oferecer mais ajustes (elétricos), enquanto o console central elevado transmitia mais sofisticação. No painel de instrumentos, um computador de bordo mais completo exibia até a força G exercida nas curvas e arrancadas. Também era possível acompanhar o gerenciamento da tração, que podia estar mais concentrada na traseira ou dividida entre os dois eixos, conforme a demanda – e o ritmo da pilotagem.
911 Turbo "991" (Imagem: divulgação)
Tudo embalado num carro que nunca estivera tão comprido (4,51 metros), largo (1,88 m) e pesado (1.595 kg). Algo bem distante dos 4,29 m, 1,77 m e 1.140 kg do primeiro 911 Turbo.
911 Turbo S "991" (Imagem: divulgação)
Sobre o autor
Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.
Sobre o blog
O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.