Fusca não é primeiro clássico elétrico; lista vai de Renault a Aston Martin
Rodrigo Mora
14/09/2019 07h00
(SÃO PAULO) – Entusiastas mais tradicionais não o fariam nem de graça, quiçá tendo que desembolsar R$ 180 mil para converter um Fusca em carro elétrico. Pelo veículo completo, a eClassic pede R$ 450 mil.
VW e-Käfer (Imagem: divulgação)
Apresentado no Salão de Frankfurt, o e-Beetle tem benção da própria Volkswagen, que fornece o conjunto elétrico do e-Up, já à venda na Europa. A mesma conversão pode ser feita num SP2 ou num Karmann-Ghia.
Precipitado dizer que trata-se de uma tendência, mas trocar o motor a combustão de um carro antigo por um elétrico parece não ser mais tabu – inclusive para as montadoras, que estão cavando um novo negócio e de quebra apelando ao emocional para transmitir a importância da eletrificação veicular.
e-Plein Air ao lado do "original" (Imagem: divulgação)
Recentemente, a Renault substituiu o motor quatro-cilindros de 747 cc e 24 cv de um Plein Air por um elétrico de 17 cv. Assim como o Fusca, a base é um carro em produção – no caso, o Twizy. Por outro lado, o e-Plein Air por enquanto é apenas um conceito.
No ano passado, a Mini aproveitou o Salão de Nova York para apresentar um modelo 1998, que fora totalmente restaurado antes de receber um propulsor elétrico, de aproximadamente 40 cv. Foi uma espécie de preparação para o Mini SE, que a marca acabou de revelar durante o Salão de Frankfurt.
Mini Classic Electric
E tais conversões não se restringem a modelos populares. A Aston Martin lançou um programa de eletrificação para "mitigar qualquer futura legislação que restrinja o uso de carros clássicos". O primeiro deles foi um DB6 Volante 1970.
A marca inglesa compara o sistema a uma fita cassete, já que todo o conjunto do trem de força pode ser instalado em um Aston Martin existente – e removido, caso o proprietário decida retomar a propulsão original do carro (no caso do DB6, um seis-cilindros em linha, de 4 litros).
(Imagem: divulgação)
Uma das primeiras a romper com a tradição – ironicamente uma marca bem tradicional – foi a Jaguar. "Combinando a experiência em restauração com a tecnologia de ponta do Jaguar I-PACE, a Jaguar Classic oferecerá soluções personalizadas para os modelos E-Type restaurados e convertidos em veículos elétricos", explicou a empresa quando lançou o programa, oferecido também para proprietários que já tenham um E-Type – prometendo, inclusive, reverter a operação, caso o dono se arrependa.
Jaguar E-Type Zero (Imagem: divulgação)
Muitos componentes foram emprestados do I-Pace, SUV elétrico da Jaguar. A autonomia é de 270 km e a bateria, de 40kWh, pode ser recarregada entre seis e sete horas, dependendo da fonte de energia.
Especificações técnicas e valores ainda não foram divulgados. Por ora, a Jaguar Classic "está monitorando o interesse e os pedidos de potenciais clientes do E-type Zero". Os primeiros E-Types a rodar por aí emitindo um zunido, e não mais o ronco de um seis cilindros em linha ou um V12, chegam em junho de 2020.
(imagem: divulgação)
Sobre o autor
Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.
Sobre o blog
O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.