Vai comprar um antigo? Guia básico parte 1: como escolher
Rodrigo Mora
01/04/2019 07h00
(SÃO PAULO) – Comprar um carro antigo é um momento de realização e felicidade mas também de cautela. "Muita gente coloca dinheiro bom em coisa ruim", certa vez me disse um restaurador.
Como, então, dar o primeiro passo?
Talvez a fase mais divertida seja justamente o ponto de partida, que é definir marca e modelo. Ou qualquer outro tipo de recorte: uma década que marcou sua vida, nacionalidade (há quem prefira os voluptuosos americanos; outros, os mais dinâmicos europeus), tipo de carroceria, etc. Essa decisão geralmente se forma a partir de uma combinação de quesitos financeiros e afetivos. É uma fusão entre subjetividade e objetividade. Mas, a regra básica é: compre o que te signifique algo.
Definido o modelo, tenha certeza de que você ficará confortável nele. Se você é alto, talvez não se encaixe num carro pré-guerra ou num dos anos 1950, cuja cabine geralmente é mais apertada. E se você for largo, carros com bancos esportivos podem te cansar. Boa ergonomia é fundamental.
Também entra na conta qual o papel desse clássico. Se for para uso diário, releve eventuais imperfeições. Manter impecável um carro que vai pra lá e pra cá constantemente vai gerar mais frustração do que alegria. É um consenso entre colecionadores que carros mais surrados geralmente são mais divertidos.
Obsessão quanto à quilometragem também é besteira: um carro parado por muito tempo vai dar mais trabalho do que um com manutenção em dia e "vida ativa". Uma quilometragem baixa aliada a uma vida de exercícios constantes é o ideal.
E agora vai parecer ladainha de mãe, mas se pergunte mais uma vez: "estou preparado pro meu primeiro antigo? Estou preparado para os gastos com garagem extra, bateria arriada, manutenções, quebras, guinchos, encontros aqui perto e encontros tão longe que tem que dormir em hotel?"
Em caso positivo, onde comprar é não menos importante. Vendedores particulares são os ideais quando se quer, além do carro, uma história. Geralmente são primeiro ou segundo donos. E não há intermediários, o que faz os preços subirem. Mas dá trabalho achar um.
Lojas têm a vantagem da garantia. Seis meses para câmbio, três para motor…E é mais fácil cobra-las pela promessa da procedência. Só que a comissão que elas levam acrescenta de 10 a 15% no preços dos veículos.
E há os leilões, que além de divertidos são uma ótima oportunidade para conhecer pessoas, conseguir bons preços e entender como funciona a máquina do antigomobilismo. O problema é que você tem menos de cinco minutos para analisar o carro antes de decidir se compra ou passa.
Comprou? Já pode chamar de seu? Apelidou? Bom, então é hora da papelada. Claro que você vai querer a placa preta, então saiba como conquistar uma.
Sobre o autor
Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.
Sobre o blog
O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.