Ferdinand, Ferry e Butzi: entenda quem fez quais carros da Porsche
Rodrigo Mora
15/06/2018 07h43
(STUTTGART) – Afinal, quem fez o que na Porsche? Quem é o pai do Fusca? E do 911?
Bem, quem dá nome à empresa é Ferdinand Porsche, nascido em 3 de setembro de 1875 em Liberec, região que então pertencia ao império austríaco, mas que hoje é uma cidade da República Tcheca. Para resumir uma história que só cabe numa centena de livros, já na infância mostra aptidão para serviços mecânicos e logo se torna engenheiro.
Ferdinand Porsche é o sujeito de boina
Em 1893, é contratado pela companhia elétrica Béla Egger, de Viena, Áustria. Em 1897 pula para a Jacob Lohner, para em 1898 apresentar o Egger-Lohner C2 Phaeton, seu primeiro projeto. A empresa de consultoria automotiva batizada com seu sobrenome é fundada em 1931, em Stuttgart, Alemanha.
Entre outros trabalhos, desenha o Type 22, um carro de corrida da Auto Union, a raiz do que conhecemos hoje como Audi. Em janeiro de 1934 apresenta o que vem a ser sua principal obra: o carro do povo alemão, vulgo Volkswagen Beetle, o nosso Fusca. A produção começa em 1938, é interrompida para fins civis por conta da Segunda Guerra Mundial, e é retomada logo após o conflito. O exemplar exposto no Porsche Museum é de 1950 e tem motor 1.1 de 25 cv.
Ferdinand Porsche teve dois filhos, Louise e "Ferry". O menino, nascido Ferdinand Anton Ernst Porsche em 19 de setembro de 1909, não desgrudava do pai, e naturalmente pegou gosto por fazer automóveis – o que o leva, em 1931, à empresa recém-criada pelo pai, assumida por Ferry em 1946.
Ferry e três dos seus quatro filhos
Dois anos depois, dá vida ao primeiro carro com um símbolo da Porsche, o 356, produzido de forma artesanal em Gmünd, na Áustria. Em 1950, a família volta para Stuttgart com a produção em série do pequeno carro esporte.
Ferry também foi pai, e como o pai batizou o filho de Ferdinand (Alexander Porsche). Apelidado de "Butzi", se inclinou mais para o desenho dos carros do que para sua concepção técnica.
Certo dia, Ferry delegou a Butzi a tarefa de projetar um novo modelo com as seguintes diretrizes: cupê de dois lugares com dois pequenos bancos traseiros, fácil de entrar. A tarefa incluía manter as linhas do 356, criando um carro que fosse uma evolução, e não uma revolução. Ok, disse Butzi, e em 1960 o protótipo 754 estava pronto.
Butzi, que além do 911 inaugurou o estúdio de design da Porsche
Mas, por insistência de Ferry, o sucessor do 356 deveria ser um cupê de linhas mais suaves, e assim nasce o 901, apresentado no Salão de Frankfurt de 1963. Especificações técnicas definidas, testes finais concluídos, e o 901 segue para o Salão de Paris, em setembro de 1964.
O problema é que a Peugeot já tinha registrado o nome 901… Não teve jeito: mudaram o nome do novo Porsche para 911, entre outros motivos pelo prejuízo menor em trocar apenas um número de todo o material gráfico e industrial já produzido.
Resumindo:
Ferdinand Porsche (1875–1951): fez inúmeros carros, sendo o VW Beetle/Fusca o mais importante.
Na Alemanha, o Beetle atende por Käfer
Ferdinand Anton Ernst Porsche, o "Ferry" (1909–1998): pai do 356, primeiro carro da Porsche.
356 número 1, exposto no museu da Porsche
Ferdinand Alexander Porsche, o "Butzi" (1935–2012): desenhou nada menos do que o 911.
911 1964
Viagem feita a convite da Porsche.
Sobre o autor
Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.
Sobre o blog
O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.