Fiat 147 Pickup abriu caminho para Strada e quase teve Opala como rival
(SÃO PAULO) – Se a Strada, que acaba de avançar enfim à segunda geração, domina há duas décadas o segmento das picapes compactas, em parte é porque um 147 recortado da coluna B para trás desbravou tal caminho. Revelado no Salão do Automóvel de 1978, o 147 Pickup não foi ali nem de longe a estrela que seria a Strada em um hipotético Salão em 2020. Foi uma resposta para algo que ninguém havia perguntado.
Mas logo as concorrentes sentiram o golpe que tomaram da Fiat. A começar da General Motors, que perdeu a chance de ter inaugurado o lucrativo segmento dos utilitários derivados de automóveis três anos antes da rival italiana: a linha 1975 do Opala deveria ampliar a gama não só com a perua Caravan, mas também com uma picape baseada no sedã.
Adalberto Bogsan, engenheiro da área de design que trabalhou na GM entre 1962 e 2001, certa vez desvendou a este blog a intimidade dos planos da marca. "Naquele momento já se falava em um substituto para o Opala, então não compensaria investir em um produto novo para linha. A Caravan já existia lá na Alemanha e compartilhava muita coisa com o Opala. Já a picape demandaria muitas adaptações e ferramental distinto", relembrou.
Não haveria mistério, pois a matriz já fazia carros do tipo desde 1959, quando lançou a El Camino, um Impala com caçamba. Que naqueles meados de 1970 já estava na quarta geração, então baseada no médio Chevelle.
Ainda de acordo com Bogsan, um designer da Chevrolet americana veio dos EUA para analisar o projeto. Foi dele a sugestão de inclinar a coluna B, "que daria ao carro o DNA da marca". Era claramente uma inspiração na El Camino.
No fim, a picape do Opala não foi longe, sequer avançou para os testes de durabilidade. Bogsan também esclareceu que o nome "Opalete" nunca veio da GM, mas de uma reportagem da revista Quatro Rodas, de fevereiro de 1974, que cravava que este seria o nome do carro – tratado internamente pela fabricante como V80.
O protótipo foi destruído pouco tempo depois. Dele restaram escassos relatos e a foto que hoje faz parte do acervo do Museu da Imprensa Automotiva.
Um rival da Chevrolet para o Fiat 147 Pickup surgiu apenas em 1983 com o Chevy 500 (baseado no Chevette), quando Ford Pampa e Volkswagen Saveiro já estavam na briga.
Entre o Fiat 147 Pickup e a Strada
Instalada no Brasil há apenas dois anos, a Fiat tinha uma gama de produtos formada somente por 147 (1976) e 147 Furgão (1977) quando o 147 Pickup estreou, com base de 147, tampa traseira aberta da direita para a esquerda, capacidade de carga de 380 kg e motores 1.0 a gasolina e 1.3 a etanol.
É carro raro hoje, pois logo em 1981 se transferiu para a plataforma da Panorama, no que esticou o comprimento (3,78 m), elevou a capacidade de carga (500 kg) e ficou mais prático com a tampa da caçamba agora articulada em sua base. O rebatismo para Fiorino Pickup chancelou as mudanças.
Para a versão que sonhava com bicicletas e pranchas de surfe no lugar de sacos de areia e ferramentas na caçamba, sobrenome City e frente "Europa", como foi conhecida a primeira reestilização do 147, alinhando-o visualmente ao italiano 127.
Em 1988 a Fiorino passou a derivar do Uno, o que lhe permitiu oferecer mais espaço interno (também privilegiado com uma ergonomia melhorada) e condição de carregar até 620 kg na caçamba. Motor era 1.3, de 58 cv na versão a gasolina e 60 cv na unidade movida a etanol.
No ano seguinte, a versão LX buscava imagem mais descolada com faixas laterais e faróis de longo alcance no teto. Em 1991 veio a reestilização que achatou os faróis e substituiu o 1.5 Fiasa pelo 1.6 Sevel, de até 88 cv.
Afora a esticada no entre-eixos em 1994 e a versão Trekking, de 1995, a Fiorino pouco mudou até passar o bastão à Strada, lançada em 1998 sobre a plataforma do Palio.
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