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Mora nos Clássicos

Clube recria Caravana da Integração Nacional e quer Bolsonaro em vaga de JK

Rodrigo Mora

14/03/2020 07h00

(SÃO PAULO) – Fevereiro de 1960 começava quando a Caravana da Integração Nacional chegou a Brasília, que seria inaugurada em 21 de abril. Procedentes dos quatro cantos do Brasil, 130 veículos invadiram aquela que se tornava a capital do país para celebrar a era de progresso e desenvolvimento que se avizinhava.

Cruz no canteiro central, entre as vias N1 e S1, simboliza Caravana (Imagem: divulgação/Agência Brasília)

Nova também era a indústria automotiva brasileira. Por isso, só modelos nacionais puderam participar: Romi-Isetta, Jeep Willys, Rural Willys, Kombi, Fusca, Simca Chambord, Toyota Land Cruiser, os DKWs e também alguns caminhões Mercedes, FNM, Chevrolet e Scania.

(Imagem: acervo Veteran Car Brasília)

Algumas caravanas rodaram cerca de 2,2 mil quilômetros por estradas ainda inacabadas, como a que veio do Norte pela então inóspita Belém-Brasília – a expansão da malha rodoviária também era motivo de celebração. A caravana de São Paulo se destacou pelas 25 Romi-Isettas desbravadoras, que não se apequenaram diante de carros e caminhões maiores e mais potentes. Uma delas viveu o ápice do evento quando recebeu o então Presidente da República Juscelino Kubitschek para o desfile triunfal pela Esplanada dos Ministérios.

(Imagem: acervo Veteran Car Brasília)

Sessenta anos depois, a Caravana da Integração Nacional se repetirá com Jair Bolsonaro imitando os gestos de JK. Ao menos é isso que planeja o Veteran Car Brasília, idealizador do evento.

"Entregamos o plano da II Caravana da Integração Nacional no gabinete do presidente e pessoalmente ao deputado Eduardo Bolsonaro, e ambos foram muito simpáticos ao projeto. Mas existe toda uma situação de segurança que envolve o Gabinete de Segurança Institucional, portanto estamos no aguardo", explica Bernardo de Barros, que faz parte do clube de carros antigos fundado em 1983 e filiado à Federação Brasileira de Veículos Antigos.

A FBVA, inclusive, confirma que Bolsonaro já sabe do evento e considera ir. "Há uma viagem programada ao exterior no dia 21 de abril, então o desfile poderia contar com ele ou o General Mourão, caso a viagem seja cancelada por conta do Coronavírus", diz uma fonte da entidade máxima do antigomobilismo.

Até a publicação desta matéria, o evento não consta na agenda da Presidência. O único documento existente por ora é uma carta de apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.

Serão reeditadas as caravanas oriundas das cidades originais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belém,  Cuiabá e Porto Alegre). Por enquanto, a caravana mais longíqua será a gaúcha, que ao longo do trajeto vai agrupando participantes de cidades de Santa Catarina e Paraná. São estimados ao menos 300 clássicos, segundo Barros. Um site foi criado pelo clube para receber inscrições.

(Imagem: acervo Veteran Car Brasília)

Na primeira edição, a Caravana desembocou em Brasília dois meses antes da sua inauguração. Nesta segunda jornada, os aventureiros devem chegar à cidade até 17 de abril, para que de 18 a 20 se enfileirem no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. No dia 21, Jair Bolsonaro deve repetir o gesto de JK, desfilando pela Esplanada dos Ministérios a bordo de um Romi-Isetta.

 

 

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.