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Mora nos Clássicos

Genebra: Citroën SM foi extravagância estética e mecânica em plenos 1970

Rodrigo Mora

07/03/2020 07h00

(SÃO PAULO) – Em sua jornada de 100 anos, a Citroën trocou de mãos duas vezes. A primeira, em 1934, aconteceu após pedir falência e ser absorvida pela Michelin, sua principal credora. Quarenta anos depois, enfrentando nova bancarrota, foi comprada pela conterrânea Peugeot.

Não à toa, dois carros revolucionários precedem tais mudanças. Um é o Traction Avant, declaradamente o responsável pela primeira ruína financeira da Citroën. Foi o preço pago por tanto vanguardismo: nenhum outro veículo havia reunido tração dianteira, suspensões independentes e carroceria monobloco e levado tal combinação à produção em massa. Os custos para desenvolver e fabricar o modelo limparam os cofres da empresa.

Outro é o SM, revelado no Salão de Genebra de 1970.

(Imagem: divulgação)

No início dos anos 1960, a Citroën começou a flertar com a ideia de um DS (outra personificação do espírito inconvencional da marca) esportivo. Em 1968 a Citroën comprou a Maserati, e o projeto "D Sport" foi abandonado. No seu lugar entrou o SM, um legítimo grand tourer.

Equipado com um motor 2.7 V6 de 170 cv projetado pela marca italiana, o "Serié Maserati" (ou Sport Maserati, há várias leituras para a sigla SM) era capaz de chegar aos 220 km/h, velocidade máxima a que rivais da Mercedes, da Jaguar ou da Cadillac não chegavam. Em 1973, a introdução de injeção eletrônica eleva a potência para 180 cv e a máxima para 230 km/h.

(Imagem: divulgação)

Como no DS, sua suspensão era hidropneumática autonivelante, o que garantia extremo conforto aos ocupantes. Os freios não eram menos complexos, já que funcionavam a partir de uma bomba acionada por um motor a compressão. E havia os famosos seis faróis, com a luz interna de cada lado acompanhando o movimento da direção.

(Imagem: divulgação)

Seu desenho também era extravagante, sobretudo visto de trás. No total, longos 4,9 metros de comprimento, mas apenas duas crianças viajam confortavelmente no banco traseiro.

(Imagem: divulgação)

Contudo, o SM não era apenas um exercício exibicionista de design e engenharia. Suas linhas compunham um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,26, quando a média era de 0,35. Foi o carro que estreou a direção assistida (Diravi) na marca, e era extremamente estável em altas velocidades.

(Imagem: divulgação)

Tanto requinte serviu aos presidentes Georges Pompidou e Jacques Chirac, que rodavam em um SM conversível e de quatro portas – que jamais fora produzido em série, assim como os especiais Mylord (conversível) e Opéra (quatro portas), criações do encarroçador Henri Chapron.

(Imagem: divulgação)

Quando a Peugeot tomou conta da Citroën, despachou a deficitária Maserati para a De Tomaso e interrompeu a produção do caro e trabalhoso SM, que até 1975 se reproduziu 12.920 vezes.

 

 

 

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.