Salão de Genebra: há 40 anos, Audi Quattro imortalizava a tração integral
(SÃO PAULO) – Foi testando o Volkswagen Iltis para o exército alemão, durante o rigoroso inverno de 1976, que Jörg Bensinger notou que aquele utilitário 4×4 era mais rápido sobre o gelo e a neve do que seus similares mais potentes, porém com tração em apenas um dos eixos.
Um modelo de passeio também seria mais rápido com tração integral?, se perguntou Bensinger, então o engenheiro da Audi encarregado de afinar as suspensões. (Vale lembrar que desde 1964 a Volkswagen era dona da Auto Union, da qual a Audi emergira como principal marca; por isso não é de se entranhar o engenheiro de uma testando o carro da outra).
A ideia foi levada a Ferdinand Piëch, o chefão de engenharia naquele momento, que deu aval para o desenvolvimento. Não se tratava de criar um Land Rover alemão, mas sim um esportivo de alta performance mais dinâmico.
O primeiro protótipo nasceu em março de 1977 com plataforma e suspensões emprestados do Audi 80. Motor (um cinco-cilindros em linha, turbo, de 2.144 cc, que nele rendeu 200 cv e 28,5 kgfm de torque) veio do Audi 200, enquanto a carroceria foi aproveitada do 80 Coupé, que estava prestes a ser lançado. Em novembro daquele ano os testes começaram.
Quando a diretoria da empresa viu como aquele carro lidava com as mais íngremes travessias de montanha da Europa sem precisar de pneus especiais ou correntes para ganhar tração sobre o gelo, não hesitou em dar sinal verde para a produção.
Compacto (4,4 m de comprimento e 2,52 m de entre-eixos) e veloz (0 a 100 km/h em 7,1 segundos e velocidade máxima de 220 km/h), o Quattro estreou no Salão de Genebra de 1980 – com direito a apresentação em uma pista de esqui construída ao lado do pavilhão.
Portanto, 14 anos depois do Jensen FF, o primeiro carro de passeio com tração nas quatro rodas. E oito após a estreia do Subaru Leone 4WD Estate, o primeiro tração integral produzido em larga escala. Acontece que o FF era um modelo basicamente artesanal, cuja produção ficou em cerca de 320 unidades, e a peruinha japonesa parece ter esquecido de pôr seu nome na história.
A Audi pode não ter inventado a tração integral em carros e passeio, mas a partir daquele momento popularizou, redimensionou e imortalizou o sistema.
Quattro Sport
A partir de então, modelos da Audi com o emblema "quattro" se multiplicaram – hoje são mais de 10 milhões, segundo a Audi.
Talvez o mais cultuado seja o Quattro Sport, de 1984. Com entre-eixos 32 cm mais curto, carroceria feita em alumínio reforçada com fibra de vidro e Kevlar e motor de 306 cv, teve até 1986 apenas 214 unidades produzidas, 14 a mais do que o necessário para se homologar no Grupo B do Campeonato Mundial de Rali. A marca alemã foi campeã da categoria mais temida do rali quatro vezes: em 1982 e 1984 levou o título de construtores e em 1983 e 1984 o de pilotos (com Hannu Mikkola e Stig Blomqvist).
Em 1991, após 11.452 unidades produzidas, o Quattro foi descontinuado.
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