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Mora nos Clássicos

Cadillac blindado de Al Capone está à venda por US$ 1 milhão

Rodrigo Mora

12/02/2020 18h02

(SÃO PAULO) – Em 2012, o Cadillac Town Sedan 1928 que pertenceu a Al Capone foi arrematado em um leilão da RM Sotheby's por US$ 341.000. Agora apareceu outra chance de ter o carro do gângster mais famoso do mundo. O problema é que o preço saltou para US$ 1 milhão.

(Imagem: RM Sotheby's/divulgação)

Não se sabe para quem a RM Sotheby's vendeu o Cadillac oito anos atrás, tampouco como ele foi parar nas mãos da Celebrity Cars of Las Vegas, a vendedora neste momento. Mas todo o histórico do infame Cadillac de 1932 em diante foi documentado pela RM Sotheby's, que se baseou em jornais da época, em dados da IRS (a receita federal americana) e em informações da família do segundo proprietário do carro.

A conexão com Capone de 1932 para trás é autenticada pela RM Sotheby's por causa do relacionamento do mafioso com Emil Denemark, proprietário de uma concessionária Cadillac reconhecidamente ligado ao submundo. Capone não era apenas seu cliente, mas também parente.

(Imagem: Celebrity Cars of Las Vegas/divulgação)

"Um artigo publicado no The Milwaukee Sentinel em 22 de dezembro de 1931 dizia que um dos dois Cadillacs de Capone havia sido usado para transportar David Moneypenny, diretor da prisão de Cook County. No artigo, Denemark afirmou que vendeu a Capone dois Cadillacs, mas que os carros não pertenciam mais ao mafioso por falta de pagamento. Dadas as aparentes boas relações de Denemark com o crime organizado e o fato de Capone ser um dos homens mais perigosos de Chicago, é provável, como o repórter acreditava evidentemente, que Denemark estivesse simplesmente tentando salvar a Big Al", justificava a RM Sotheby's enquanto leiloava a viatura de Capone.

Já um artigo publicado no The Milwaukee Journal, também em 22 de dezembro, localizou a placa e descobriu que o carro ainda estava registrado em nome da esposa de Capone, Mae. Em resposta a uma pergunta sobre essa peculiaridade, Denemark respondeu inocentemente: "por acidente as placas não foram removidas, então acho que é por isso que todo mundo pensou que ainda era o carro de Capone".

(Imagem: RM Sotheby's/divulgação)

Por razões óbvias, o Cadillac de Al Capone foi blindado quase zero-quilômetro. Entrevistado pela casa de leilões, Richard Capstran relembrou que o Cadillac foi levado à oficina de seu pai pelos capangas de Capone, que ordenaram que o serviço fosse feito nos fundos do local, para que ninguém desconfiasse. E que o próprio Capone, dias depois, foi pagar a conta pessoalmente.

Quando, décadas depois, Capstran se reencontrou com o Cadillac durante uma visita à O'Quinn Collection, um dos tantos destinos do carro ao longo dos seus 92 anos, garantiu: "esse é sem dúvida o mesmo carro que foi blindado na oficina do meu pai".

A tal proteção à prova de balas consistia em vidros com 2,5 cm de espessura e uma espécie de armadura de aço envolvida com amianto. A janela traseira era facilmente retirada, para o caso de troca de tiros em eventuais perseguições.

Que deviam ser bem lentas, dado o peso extra em um carro já pesado tendo que ser arrastado por um motor V8 de anêmicos 90 cavalos.

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.