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Mora nos Clássicos

Departamento de luxo da Toyota, Lexus completa 30 anos

Rodrigo Mora

21/09/2019 07h00

(SÃO PAULO) – O calendário marcava setembro de 1989 quando a Lexus se espalhou pelos Estados Unidos. Direta e reta, a divisão de luxo da Toyota assim se apresentou ao mundo: "o LS 400 é o automóvel mais luxuoso e tecnologicamente avançado que a Toyota já produziu e é o primeiro projetado para competir diretamente com nomes europeus como BMW e Mercedes".

LS 400 1989, o primeiro Lexus da história (Imagem: divulgação)

Quatro meses antes, jornalistas especializados tomavam conhecimento daquele longo e elegante sedã na Alemanha, em pleno território do inimigo. Era preciso dizer quão sólido, silencioso e veloz o desafiador japonês podia ser mesmo nas autobahns, as estradas alemãs sem limite de velocidade.

"Não temos ilusões sobre a tarefa formidável que temos pela frente. Nomes como BMW, Mercedes e Jaguar passaram décadas construindo uma imagem de prestígio que a Lexus não pode esperar conquistar imediatamente. Eventualmente, no entanto, alcançaremos esse prestígio", reconhecia a marca, no entanto.

LS 400 1993 (Imagem: divulgação)

Tudo começara em 1983, quando Eiji Toyoda (primo de Kiichiro Toyoda, fundador da Toyota Motor Company) convocou uma reunião secreta com a cúpula da empresa para traçar o plano de construir um automóvel capaz de peitar os melhores do mundo.

O desenvolvimento do LS 400 sugou US$ 1 bilhão dos cofres da Toyota. Cerca de 450 carros de teste rodaram aproximadamente 4,3 milhões de quilômetros. Para ter as formas finais delineadas, a maioria dos Toyota tem cinco ou seis modelos de argila em escala real construídos. O LS 400 precisou de 14. Testes em túnel de vento foram mais de 50. Provas de segurança obrigaram a colisão de 100 protótipos.

LS 400 1993 (Imagem: divulgação)

O nome veio somente em 1987, pois até então aquele seria apenas um Toyota muito requintado. Uma companhia de consultoria de imagem surgiu com 219 nomes. "Alexis" era um deles, que logo perdeu o "A", para em seguida ter o "i" trocado pelo "u", que combinava mais com "luxury", luxo em inglês.

Quando desembarcou nos 65 concessionários norte-americanos naquele setembro de 1989, o LS 400 só não tinha a tradição de Série 7 e Classe S. Demais atributos estavam lá, como um poderoso (para a época) 4.0 V8 de 250 cv acoplado a um câmbio automático de quatro marchas, amortecedores a gás, farta lista de equipamentos – fora um dos primeiros a oferecer aquele recurso que recua o volante quando o motorista entra ou sai do carro – e espaço interno latifundiário: 5 metros de comprimento e 2,81 m de entre-eixos.

LS 400 chegou em 1989 como modelo 1990 (Imagem: divulgação)

E ainda custava menos do que os concorrentes: partindo de US$ 35 mil, o LS 400 era US$ 26 mil mais barato do que um Mercedes 420 SEL e US$ 19 mil mais em conta do que um BMW 735i.

A segunda geração chegou no fim de 1994, como modelo 1995. A terceira estreou durante o Salão de Detroit de 2000, quando o sedã recebeu um design mais controverso (e talvez o mais parecido com o Classe S contemporâneo) e um novo motor 4.3 de 290 cv, que mudou seu nome para LS 430.

LS 430 2001 (Imagem: divulgação)

A quarta e mais longeva debuta em 2006 e segue até 2017, quando a atual e quinta assume.

Quem teve a honra de começar a história de sucesso da Lexus ao lado do presidencial LS 400 foi o ES, apenas na versão 250 de início. Mais compacto nas dimensões e no motor (um 2.5 V6 no lugar do 4.0 V8 do LS), foi logo bem aceito por crítica e público.

ES 250 foi coadjuvante no lançamento da Lexus, mas é hoje um dos principais carros da marca (Imagem: divulgação)

Ao longo desses 30 anos, sedãs foram a espinha dorsal da Lexus. Depois de LS e ES, surgiram ainda caras menores, como GS (1991) e IS (1998). Mas a marca desbravou outros segmentos, como o de cupês e conversíveis com a linha SC (1991) e, claro, o de SUVs. O primeiro deles foi o LX, de 1995.

LX 450 (Imagem: divulgação)

 

 

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.