Woodward Dream Cruise, nos Estados Unidos, é parada do orgulho V8
(BERKLEY, ESTADOS UNIDOS) – Participar do Woodward Dream Cruise é uma experiência sonora, visual e cultural. Um mero passeio de carro ensina que diversidade não é um princípio desejável apenas na política, na orientação sexual ou na religião. É na cultura automotiva também. Porque em nenhum lugar do mundo se tem notícia de um carrinho de supermercado do tamanho de um caminhão rasgando a avenida, enquanto no sentido contrário passa um Honda Civic no melhor estilo "Velozes e Furiosos".
Tudo começou quando um grupo de voluntários decidiu arrecadar dinheiro para construir um campo de futebol em Ferndale, no estado de Michigan, nos Estados Unidos. A primeira edição aconteceu no dia 19 de agosto de 1995. Cerca de 40 mil pessoas eram esperadas, mas acabaram aparecendo 250 mil. Desde então, o evento só cresceu. De acordo com os organizadores, atualmente são 1,5 milhão de pessoas e 40 mil carros reunidos sempre no terceiro sábado de agosto.
Mas já na sexta-feira a Woodward Avenue, que liga as cidades de Detroit e Pontiac, começa a ficar cheia. A rota oficial tem 25,6 quilômetros, mas não há ponto de partida ou linha de chegada. Para participar, basta entrar no "fluxo". E depois sair dele, tomando qualquer rua à direita.
Nós assistimos a carreata da Vinsetta Garage, em Berkley, que nasceu em 1919 como posto de gasolina, passou a ser oficina pouco tempo depois e já pra lá dos 90 anos de idade se converteu em restaurante turístico, que vende hambúrgueres (é claro) e cervejas artesanais.
Outros expectadores, de crianças a idosos, espalham suas cadeiras de praia pela avenida. Acenam para os clássicos mais raros e para lendários filhos da pátria, como Chevrolet Corvette Stingray, Ford GT40 e Pontiac GTO "The Judge". Não chamamos menos atenção a bordo de uma Jeep Gladiator na hora de voltar para o hotel.
Se numa parada LGBT as pessoas saem às ruas com orgulho de serem o que são, no Woodward motoristas de todos os EUA se concentram porque têm orgulho do que dirigem – mais especificamente motores V8 cheios de sede. É como uma demarcação de território: híbridos e elétricos têm a urgente missão de salvar o clima, mas os motores a combustão são os que ainda tocam nossos corações e sentidos. Do lado de fora dos carros, a audição sobretudo.
É ela quem guia os olhos: um ronco borbulhante e grave é detectado e lá vamos nós procurar de onde vem. Daí um outro, num tom escandalosamente ardido, se impõe e desviamos o olhar novamente. Imagine uma sinfonia de motores V8. É mais ou menos isso…
O mexicano Rodrigo Rojas, 32, está há quatro anos nos EUA. Foi para trabalhar numa fabricante de automóveis norte-americana, e tem na ponta da língua o motivo que o leva ao Woodward Dream Cruise: "para ver carros que nunca vi".
Eu também nunca tinha visto ao vivo um Dodge Charger verde-limão com listras pretas. Ou um azul-celeste com listras vermelhas. Ford Bronco, Dodge Power Wagon ou uma sequência de dez Ford Mustang, todos amarelos, também não.
E também jamais tinha estado lado a lado com um Plymouth Prowler, e por isso dediquei um tempo para fotografá-lo, checar o interior, analisar suas dimensões e devanear sobre o fato de que não é todo dia que um time de design tem carta branca para criar um hot rod em plenos anos 1990.
Foi quando, de repente, o tal carrinho de supermercado gigante e motorizado passou correndo pela avenida. Simplesmente não deu tempo de fotografá-lo. Como eu poderia imaginar uma cena assim?
Pois essa é a graça do Woodward Dream Cruise: ninguém sabe o que vem por aí.
Viagem feita a convite da FCA do Brasil.
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