Pilotar ou navegar: o que diverte mais em um rali de regularidade?
(SÃO PAULO) – Navegar num rali de regularidade não é tão chato quanto pensei. Foi, afinal, a melhor proposta que recebi para estar na segunda edição da Copa Paulista de Rallye Histórico: ser o co-piloto num Porsche 356 fabricado em 1952.
A aventura começa na noite anterior, com uma apresentação sobre o trajeto, as regras e a navegação, que pode ser feita de dois modos: por um aplicativo com tudo mastigado ou por uma boa e velha folha de papel cheia de números marcando tempo e quilometragem, além de símbolos – as tais tulipas.
Recorrer a algo tão moderno dentro de um carro tão antigo me pareceu demais "Nutella", como dizem, e portanto fomos de papel.
Do Pateo do Collegio, no centro histórico de São Paulo, a saída teve ares ainda mais nostálgico do que se espera numa corrida dessas. Não apenas pelo carros antigos, mas também pela arquitetura típica da região, que resiste ao tempo.
Fomos o terceiro carro a largar, rumo ao Guarujá, no litoral. Até o primeiro ponto de aferição, a conversa com o Maurício Marx, ao volante do seu 356, flui sobre vários assuntos, menos a prova. Mas cá com meus botões estou tentando sacar o quanto ele está afim de vencer o rali – o que dificilmente acontecia na minha estreia como navegador.
Mais espartano o Veio Zuza, como o íntimos se referem ao tal 356, não poderia ser. Nem quando nasceu – em 7 de março de 1952, originalmente na cor "Fashion Grey" e apenas com um rádio de opcional – estava tão pelado: faltam-lhe todo tipo de acabamento e tapeçaria.
Mas não interessa – é um 356 pré-A, oras, um dos mais antigos no Brasil. E nada como, de cabelos ao vento, escutar de perto o ronquinho do quatro-cilindros boxer.
O primeiro ponto de aferição enfim chega. "Zere seu odômetro". Está valendo. Até parece fácil, bastando dizer ao piloto para qual direção em ir, dali a quantos metros. Já na prática…Porque o navegador faz tudo: olha planilha, a pista, e ainda precisa ter certeza de que o piloto assimilou as informações. E nem sempre o cenário é exatamente o que diz a planilha. Tá cheio de pegadinha.
O principal desafio é manter a velocidade média, o que só conseguimos ao recorrer ao tal aplicativo. E assim fomos indo, eu cantando "mantenha-se à direita, siga em frente, baixa pra 52 km/h, vira à esquerda depois do semáforo, após a lombada a velocidade baixa para 34 km/h" e o Marx de olho no GPS para manter a velocidade indicada.
Consenso entre a maioria dos participantes foi que esta segunda etapa teve nível técnico elevado. Na descida da serra, praticamente não tirei os olhos da planilha – a sequência de informações foi intensa.
O pior é que você acha que está indo bem, fazendo tudo certo. Se o carro 16 nos ultrapassou ou o 12 está bem atrás de nós, o erro foi deles, não nosso.
Na chegada à marina do Guarujá, a sensação de missão cumprida se contrapõe à expectativa pelo resultado. Vai dar pódio? Enquanto a apuração não sai, vamos admirando os 70 carros lado a lado. Porsches da década de 1970 dominaram, mas um Ford Mustang Boss de competição chamou muita atenção – assim como um DeLorean DMC-12 (que ao vivo parece um brinquedo da Estrela do anos 1980 em tamanho gigante).
O resultado, enfim, sai: 5o na categoria e na 18o geral. Como assim? Fizemos tudo certo! Bom, na próxima a gente tenta melhorar. Valeu pela experiência de navegar, que até foi legal.
Mas ainda prefiro pilotar.
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