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Mora nos Clássicos

Do Pontiac GTO à prisão por tráfico: DeLorean terá vida contada em filme

Rodrigo Mora

20/03/2019 13h21

(SÃO PAULO) – Filho de um operário da Ford, John Zachary DeLorean (1925 – 2005) fez carreira na General Motors até chegar à vice-presidência, em 1972. Sua principal realização desse período foi ter concebido o GTO, responsável por triplicar as vendas da Pontiac e uma das principais referências quando o tema é muscle car. Saiu da companhia norte-americana em 1973 para concretizar o sonho de criar seu próprio automóvel – que, segundo ele, seria o primeiro esportivo "ético", ao aliar desempenho à segurança e economia de combustível.

Criada em 1978, a DeLorean Motor Company expeliu o primeiro DMC-12 da fábrica em Belfast, na Irlanda do Norte, em 21 de janeiro de 1981. Havia potencial para ir longe: Colin Chapman, o gênio por trás dos Lotus da F-1, foi encarregado do projeto mecânico de um carro desenhado por Giorgetto Giugiaro. Uma empresa foi criada para desenvolver novos materiais de construção.

(Imagem: Darin Schnabel /RM Sothebys)

Mas, logo os problemas surgiram. Produzir a carroceria em aço inoxidável era muito caro, e não demorou até que clientes reclamassem que mantê-la limpa era quase impossível. As portas ao estilo "asa de gaivota" eram pesadas e o que as mantinha abertas era um raquítico amortecedor a gás, que nem sempre dava conta da tarefa. O ar-condicionado era um defeito crítico do DMC-12, e as pequenas janelas deixavam o interior ainda mais quente. O motor era um 2.8 V6 de magrelos 145 cv, que Peugeot, Renault e Volvo se juntaram para fazer em meados dos anos 1970.

E ser vendido por US$ 25 mil, quando um Chevrolet Corvette custava US$ 18 mil, certamente não ajudava.

Conforme a DeLorean afundava, aumentava o desespero de John por dar sequência ao seu ambicioso plano. O que o levou a se envolver num esquema de tráfico de cocaína, em 1982, para levantar dinheiro e bancar a empresa. Preso em flagrante, foi solto dois anos depois. Mas o fim do DMC-12 já estava decretado, naquele mesmo ano, após cerca de 8.500 unidades fabricadas.

(Imagem: Theodore W. Pieper/RM Auctions)

O DMC-12 seria relegado a apenas mais um fracasso da indústria automotiva se não fosse a trilogia De Volta Para O Futuro, de 1985, que ressuscitou e imortalizou o carro, agora no papel de uma máquina do tempo.

Framing John DeLorean, que estrela Alec Baldwin no papel principal, promete ser mais fiel aos fatos do que Driven, considerado sensacionalista e focado apenas no episódio do contrabando.

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.