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Mora nos Clássicos

Como um Mustang 1967 bateu o recorde de US$ 2,2 milhões?

Rodrigo Mora

24/01/2019 08h00

(SÃO PAULO) – Um Shelby GT500 1967 leiloado por US$ 2,2 milhões no último domingo se tornou o Mustang mais caro do mundo batendo, inclusive, seu próprio recorde, que foi de US$ 1,3 milhão na última vez que trocara de mãos, em 2013. Ou seja, valorizou quase US$ 200 mil por ano desde então.

(Imagem: David Newhardt, Mecum Auctions/divulgação)

E o que tem esse Mustang de tão especial?

Shelbys GT500 já são nobres por essência. Foi o primeiro big block da série, com um 7.0 V8 de 360 cv. Carrol Shelby, criador do esportivo, acertou em cheio, e imediatamente o carro fez sucesso, vendendo mais do que o GT350, menos potente e mais barato.

Acontece que, além de parceiro da Ford na concepção de veículos especiais, Shelby era um distribuidor da Goodyear, que havia pedido sua ajuda na divulgação da nova linha de pneus Thunderbolt. Qual a melhor forma de promover um pneu orientado para economia senão calçando-os num V8 e botando o carro para rodar em alta velocidade por um longo período?

(Imagem: David Newhardt, Mecum Auctions/divulgação)

Daí que entram na história o gerente de vendas da Shelby, Don McCain, e o engenheiro-chefe da Shalby, Fred Goodell. O primeiro surge com a demoníaca ideia de usar 7.0 V8 na sua versão de corrida, que nada menos era do que o motor que levou o Ford GT40 MKII à vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1966. O segundo é quem executou o transplante.

(Imagem: David Newhardt, Mecum Auctions/divulgação)

Além do motor preparado, que chegou a 600 cv, o GT500 ganhou eixo traseiro e transmissão reforçados, radiador de óleo externo, além de molas e amortecedores mais rígidos no lado do passageiro para neutralizar a inclinação provocada pela pista de teste oval de cinco quilômetros. E, claro, recebeu também os pneus Goodyear Thunderbolt.

Visualmente, o cupê se diferenciava por um único cromado interno nos faróis dianteiros e duas faixas azuis estreitas ladeando uma larga faixa central azul. Assim nascia o Shelby GT500 Super Snake.

Resultado do teste: 227 km/h de velocidade média por 800 quilômetros, provando a resistência dos pneus gambitinhos da Goodyear.

Todos então se empolgaram para fazer uma fornada limitada de 50 Super Snakes. O problema é que os US$ 8.000 cobrados eram quase o dobro de um GT500 convencional. Não restou outra alternativa senão abandonar o projeto, fazendo deste o único GT500 Super Snake do mundo.

(Imagem: David Newhardt, Mecum Auctions/divulgação)

Vale dizer que depois do evento, o carro foi vendido, sofreu pequenas alterações e posteriormente uma leve restauração, voltando ao que era. 

Justifica-se os US$ 2,2 milhões?

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.