Levei um Gol GTi ao Salão de São Paulo, 30 anos após sua estreia no evento
(SÃO PAULO) – Fred Mello é um advogado de 36 anos que mora em Santa Cruz das Palmeiras, no interior de São Paulo. Fanático por Volkswagens, acordou às quatro horas da manhã no sábado retrasado, subiu no seu Gol GTi 1990 Azul Mônaco e rodou cerca de 250 km até a capital, pois havia sido convidado a participar da carreata de Volks antigos que ocuparia a parte externa do São Paulo Expo, em pleno Salão do Automóvel.
O pretexto era comemorar os 30 anos do lançamento do GTi, que estreou no Salão de São Paulo de 1988, já como modelo 1989.
"Um dos meus sonhos era chegar a um salão rodando com meu GTi. E o outro era vê-lo exposto no estande da marca", contou Fred, enquanto procurava, com uma flanela na mão, algum cisco intruso no capô reluzente daquele que fora o rei dos esportivos nacionais nos anos 1990.
Foi quando tive certeza de que ele rejeitaria impiedosamente minha proposta indecorosa: trocar as chaves do seu Gol GTi pelas de um Golf GTI naquele passeio. Afinal, não foi para emprestar seu carro a um estranho num evento tão importante que ele abriu mão de paparicar a filha recém-nascida, que ficou em casa com a mãe.
Não é que ele topou? Pronta e sorridentemente?
E nem foi pelo Golf GTI. Mesmo contando que o motor 2.0 turbo de 230 cv e o câmbio de dupla embreagem e seis marchas formam entrosada dupla, mesmo listando todas as tecnologias da sétima geração do hatch, mesmo mostrando a ele o quanto o belo painel de instrumento pode ser configurável, mesmo declarando que o GTI é um dos carros que certamente estariam na minha lista, anda assim ele o dispensou. Deu as chaves para um dos amigos que o acompanhavam e sentou-se no banco do passageiro do seu Gol GTi.
Foram apenas dez quilômetros entre o Centro Técnico da Volkswagen e o São Paulo Expo. Distância suficiente para me apaixonar pelo GTi e entender por que ele dominou os rankings da época. O motor 2.0 8V de 120 cv e 18,4 kgfm de torque – o primeiro com injeção eletrônica a equipar um automóvel nacional – hoje não impressiona pelos números, mas é capaz de levar o hatch aos 100 km/h em 8,8 segundos e aos 185 km/h de velocidade máxima, segundo dados do fabricante.
Como o carro não era meu, fui na manha. Esticava um pouco e já passava a marcha. Quem já dirigiu um Volks dessa época sabe como os engates são meio estranhos, na diagonal, mas muito precisos e curtos. E nem precisava abusar do acelerador, pois o AP 2.0 dá vivacidade ao Golzinho mesmo em baixas rotações. A direção, sem assistência hidráulica, está bem acurada para um carro de 28 anos.
Empunhar aquele icônico volante de quatro raios e quatro bolas foi realizar um sonho da pré-adolescência, bem como ler aquele painel que, de digital, só tinha o relógio. Os bancos Recaro são firmes e apoiam o corpo como eu imaginava, e já traziam o extensor de assento naquela época – coisa que o Golf GTI não tem. O odômetro marcando pouco mais de 45 mil quilômetros condiz com o estado impecável daquele interior, com forrações de porta, manoplas e detalhes rigorosamente originais.
Pena que o passeio durou pouco, e logo chegamos ao São Paulo Expo. Todos estacionam os carros lado a lado, mas o GTi do Fred tem lugar especial, ao lado do Gol GT Concept, atração da VW no Salão de 2016 e que reapareceu no de 2018, agora encabeçando a carreata.
O sonho de chegar ao Salão com seu GTi foi realizado. Faltou o segundo, pois o exemplar que a Volks exibiu no seu estande por dois dias não era o dele.
Mas você terá outras chances de ter um carro no estande, Fred. Quem sabe com o Gol GTS 1993, com a Parati Surf 1995, com o Fusca 1970…
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