Como os Mustangs de Bullitt, com Steve McQueen, sumiram e ressuscitaram
(SÃO PAULO) – Bullitt é um filme de 1968 que narra uma história bem comum no cinema norte-americano: policial durão/bonitão tem a missão de proteger testemunha caçada por organização criminosa, que precisa silenciá-la. Além de um suspense muito bem executado, o que diferenciou Bullitt de outras obras similares e o imortalizou foram dois símbolos da masculinidade daquela década: Steve McQueen, que interpreta o protagonista Frank Bullitt, e o Ford Mustang Fastback.
Eram dois Mustangs, na verdade. Um reservado às cenas de perseguição, que sofreu os saltos pelas montanhosas ruas de São Francisco, as trombadas contra o Dodge Charger R/T do inimigo e outras estripulias. É o que o cinema chama de "stunt car". O outro, mantido intacto para as demais cenas, assumiu o papel de "hero car".
Em outubro de 1974 – depois de ter pertencido a diferentes proprietários, entre eles um produtor da Warner Brothers (distribuidora do filme) e um policial –, o "hero car" foi colocado novamente à venda. Robert Kiernan, um cidadão de New Jersey (EUA), topou pagar os US$ 6 mil pedidos e estacionou na garagem o carro que Steve McQueen havia guiado. Até que o próprio ator fez uma oferta para Kiernan, que mesmo com a promessa de ter outro Mustang similar em troca daquele do filme, recusou o apelo de McQueen. Era, afinal, um verdadeiro troféu em sua garagem, além do carro que sua esposava usava diariamente.
O alto consumo de combustível e uma embreagem quebrada forçaram a aposentadoria do Mustang, em 1980 – mesmo ano da morte de McQueen. A família Kiernan se mudou para Cincinnati em 1984, enquanto o famoso carro foi parar na fazenda de um amigo, em Nashville.
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Interior mantém marcas do tempo (Foto: Murilo Góes/UOL)
Por lá o cupê pintado na cor Dark Highland Green ficou guardado até 2014, quando Robert morreu. Seu filho Sean, então, decidiu ressuscitar o veículo, mantendo as marcas do tempo, sem restaurações.
Em janeiro, durante o Salão de Detroit, a Ford revelou o Mustang Bullitt 2018 ao lado do original. Coube à neta de McQueen, Molly, apresentar o carro. No vídeo abaixo, seu primeiro encontro com o carro, pouco antes do evento.
Mas e o "stunt car", que fim levou?
Segundo o site Auto Classics, após as gravações de Bullitt o "hero car" foi vendido (até chegar à família Kiernan) e o "stunt car" foi parar num ferro-velho, de tão detonado que ficou. Sem condições de se recuperar o bastante para voltar a rodar nas ruas da Califórnia (EUA), foi (sabe-se lá como) parar no México. Depois de ser pintado de vermelho e depois de branco , acabou abandonado no quintal de uma casa em Los Cabos, onde acabou esquecido.
Eis que o carro fora comprado, com outro Mustang, como sucata e enviado a Ralph Garcia, um restaurador conhecido por fazer réplicas do Eleanor, o Mustang protagonista de 60 Segundos (originalmente Gone in 60 Seconds, de 2000). Ou seja, os dois virariam um.
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O Mustang "stunt car"abandonado no México (Foto: Auto Classics)
Mas Garcia logo sacou que aquele Mustang tinha algo especial, e que seria um pecado transformá-lo num Eleanor. Recorreu então à Marti Report, empresa licenciada pela Ford com acesso à base de dados de todos os modelos da marca produzidos nos EUA e no Canadá entre 1967 e 2012. Na hora, aquele Mustang corroído pela ferrugem foi reconhecido como uma das crias de "Bullitt". Uma inspeção posterior apenas confirmou que, de fato, aquele era o "stunt car".
Ao contrário do "hero car", esse será restaurado. Vê-los juntos é uma questão de tempo.
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