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Mora nos Clássicos

No ano do seu cinquentenário, Opala é o primeiro a receber placa preta

Rodrigo Mora

27/03/2018 06h00

Num desses caprichos do destino, o primeiro carro a conquistar placa preta em 2018, quando se comemora os 50 anos do Opala, é um…Opala. Trata-se de um Diplomata SE, ano e modelo 1988 – um dos 2.293 Diplomatas a gasolina fabricados naquele ano, de um total de 22.912 Opalas.

Em 1988, a linha Opala passou por sua penúltima reestilização. Na dianteira, novos faróis escoravam uma grade agora com extremidades não mais retas, e sim diagonais. Lanternas ligadas por um falso conjunto ótico marcavam o novo visual da traseira no caso da versão Diplomata, que também ganhava rodas redesenhadas.

Volante e painel reconfigurados tentavam dar novos ares a um interior tão datado quanto confortável. Coube à inédita saída do ar-condicionado entregar alívio aos ocupantes do banco traseiro nos dias quentes. As mudanças eram embaladas por novos "sobrenomes": Opala SL, Comodoro SL-E, Diplomata SE.

Esse Diplomata 1988 é o primeiro carro a receber placa preta em 2018

Henrique Kolasco, o dono, conta que o relacionamento começou em 9 de abril de 2013, quando ele saiu de casa, em Betim (MG), e foi até Guarulhos (SP) conferir o que dizia um anúncio na internet. "Chegando lá, gostei do carro e entendi que bastaria um processo de leve restauração para coloca-lo em ótimo padrão de originalidade", relembra.

Assim esse Opala chegou à garagem do dono: em bom estado, mas com rodas do modelo 1992

Não foi preciso muita coisa para alcançar 94,5 pontos no processo de certificação de originalidade, realizado pelo Vintage Motors Club. "O veículo passou por repintura da carroceria, retirada de insulfilm dos vidros e substituição das rodas pelo modelo original. Na cabine, troquei o moderno CD player por um toca-fitas de época", explica o dono, que de Opala entende: o Diplomata 88 divide garagem com um Comodoro 1980, um Diplomata 1986, um De Luxo 1969 e um raro SS 1972.

Processo de repintura foi um dos caprichos que levaram o carro ao estado atual

São carros para o fim de semana, diz Kolasco. É a oportunidade de desfrutar do motor 4,1 litros, seis cilindros, o maior de todos no mercado brasileiro daquela época. Seu carro tem câmbio manual, mas poderia vir equipado, opcionalmente, com uma transmissão automática de quatro marchas fornecida pela consagrada ZF, mesma marca que equipava também modelos importados, como BMW e Jaguar.

O Opala viveria mais quatro anos. Recebeu as últimas atualizações em 1991, para em 1992, aos 24 anos de idade e agora ofuscado por modelos de luxo importados, dizer adeus.

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.