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Mora nos Clássicos

Carros clássicos valorizam mais que ouro no Brasil; Kombi lidera o top 10

Rodrigo Mora

23/01/2018 04h00

Volkswagen Kombi

Estudo divulgado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) revelou quais carros clássicos (aqueles com no mínimo 30 anos, mantidos em condições originais e preservados em bom estado) mais subiram de preço nos últimos dez anos.

A campeã foi a Kombi "Corujinha" (1968 a 1975), que valorizou 135,1% acima da Selic (a taxa básica de juros, que serve como bússola para investimentos como poupança e CDB, entre outros). Depois dela, vêm:

2. Dodge Charger R/T (1973 a 1975): 125,9%
3. Dodge Dart duas portas (1970 a 1973): 117,7%
4. Chevrolet Camaro (1967 a 1969): 116%
5. Ford Maverick GT V8 (1973 a 1976): 75,5%
6. Ford Galaxie (1967 a 1969): 55,9%
7. Chevrolet Opala Diplomata (1981 a 1986): 53%
8. Chevrolet Camaro Type LT (1974 a 1976): 45,9%
9. Volkswagen SP2 (1972 a 1974): 39,8%
10. Ford Landau (1977 a 1983): 39,8%

O que diz o especialista

"Diferentemente dos modelos modernos, que perdem valor com o tempo, como ocorre com os bens de consumo em geral, o modelo antigo dificilmente tem preço reduzido com o passar dos anos", explica um dos autores da pesquisa, Luis Henrique Rigato, professor e coordenador do curso "Master in Business and Management" (pós-graduação lato sensu em Administração) da FGV EAESP.

Também foram identificados os que menos valorizaram.

1. Ford Mustang Hard Top (1966 a 1968: -32,5%
2. Mercedes-Benz SL (1973 a 1975): -27,8%
3. Rural Willys (1968 a 1970): -13,1%
4. Porsche Envemo Super 90 (1980 a 1982): -5%
5. Chevrolet Camaro conversível (1967 a 1969): 2,4%

Que diferença faz ao colecionador?

Dono de uma Kombi, Fernando Schincariol vai mudar sua rotina após o resultado do estudo. "Antes saía e deixava ela na rua, despreocupado. Agora, só poderei ir a lugares fechados", informa o consultor de vendas, de 37 anos.

Vender está fora dos seus planos, mas a valorização é bem-vinda. "Se um dia eu precisar me desfazer, é bom saber que venderei melhor do que comprei", analisa.

Das listas acima, Sandro Kraemer, 53, tem seis modelos entre os que mais renderam e um no ranking dos mais desvalorizados. "Para mim, meus carros sempre valeram muito. Cada um tem uma história particular. Mas claro que a brincadeira acabou se tornando patrimônio", reflete o advogado. Pretende vender algum dos carros e faturar uma grana? "Não. Quero adquirir mais", garante.

Quanto mais, melhor

É quase a mesma filosofia de Aurelio Nascimento, 42. "Tive um Diplomata 1989 que vendi por R$ 8 mil. Agora tenho um 1986 que não vale menos de R$ 35 mil. Mas não pretendo vender, pois não comprei por moda ou coisa do tipo. Gosto de carros antigos e Opala é um dos meus favoritos. E não me importo se desvalorizar", explica o analista de infraestrutura.

Rodar por aí montado em um bem que valoriza mais que ouro parece não intimidá-lo. "Não vou restringir meu uso. Se não for para andar, não vale a pena ter. Sem falar que hoje em dia dar um rolê com ele é praticamente um desfile".

Placa preta

Após a divulgação do ranking, a pergunta óbvia é: em qual carro investir? Para Rigato, em primeiro lugar opte por carros já restaurados e com o certificado de originalidade (placa preta). "Os custos de restauração podem ser muito altos e talvez não justificarem o investimento. Carros não originais não são valorizados de modo geral, por mais que o proprietário tenha investido, muitas vezes, inclusive, em melhorias mecânicas", avisa.

Em segundo lugar, prossegue, as opções de modelos mais populares no Brasil é mais acertada. "Em nossa pesquisa, notou-se que há preferência por carros esportivos como Maverick GT, Dodge Charger ou Opala SS. Como investidor, fuja de veículos muito restritos ou aqueles que normalmente têm alto custo de manutenção", conclui.

É hora de vender os mais valorizados? "Essa pergunta é difícil responder. Funciona mais ou menos como o mercado de ações. Há ações chamadas 'blue chips', que são investimentos seguros no longo prazo. Com carros antigos ocorre o mesmo: há modelos consagrados dentro do mercado, como os citados acima. Mas se é hora de vender ou comprar, só o investidor pode saber", explica o especialista.

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.