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Mora nos Clássicos

Para Volkswagen, Kombi elétrica "abre janelas para o futuro dos clássicos"

Rodrigo Mora

29/02/2020 07h00

(SÃO PAULO) – Depois de eletrificar um Fusca e apresentá-lo durante o Salão de Frankfurt, a Volkswagen cumpriu a promessa de criar uma Kombi elétrica. Batizada de e-Bulli, será revelada oficialmente no próximo dia 25 na Techno Classica (em Essen, na Alemanha), um dos maiores eventos de veículos antigos do mundo.

(Imagem: divulgação)

"Em cidades como Paris ou Londres, está se tornando cada vez mais complicado e às vezes mais caro dirigir um clássico devido a restrições. Em geral, mais pessoas têm desejado um transporte elétrico, novo ou clássico. Mistura entre uma base histórica e uma tecnologia de propulsão elétrica, a e-Bulli visa abrir uma janela para o futuro dos clássicos", explica a divisão de veículos comerciais da Volkswagen.

Que não é a única a espetar um motor elétrico em um clássico recentemente: Mini, Jaguar, Aston Martin e Renault já fizeram o que para alguns é solução, para outros é heresia. A Fédération Internationale des Véhicules Anciens, entidade máxima do antigomobilismo no mundo, está no segundo grupo.

Baseado em uma Transporter 1 Samba Bus de 1966, a van usa um chassi "mais moderno e seguro" e "propulsão e baterias que consistem em uma série de componentes dos mais recentes Volkswagens elétricos", resume a marca, que deve revelar potência, autonomia e mais detalhes técnicos (além de mais fotos) apenas na Techno Classica.

Por fora, destaque para os faróis em LED. Na cabine, segundo a marca, há madeira e couro como revestimentos do assoalho e dos bancos, e um novo seletor de marchas substitui a longa alavanca de câmbio.

Contudo, esta não é a primeira Kombi elétrica. 

Em 1970, a Volkswagen criou um departamento para experimentar a mobilidade elétrica. Dois anos depois, seu primeiro veículo movido a eletricidade ganhou vida: uma Kombi da segunda geração (T2), que na sequência se multiplicou em uma pequena produção de modelos não apenas naquela configuração de van, mas também na de transporte de pessoas e picape. 

(Imagem: divulgação)

Não eram vendidos ao público, entretanto. Órgãos governamentais eram além de clientes parceiros naquela fase de testes. Um deles foi a cidade de Berlim, que teve sete unidades a seu serviço. No distrito de Tiergarten, chegou a ser construído um ponto de troca da bateria – em apenas cinco minutos, substituía-se a vazia por uma cheia, bastando puxar uma e engatar a outra, como se fossem gavetas sob o assoalho. Mas havia também a possibilidade de recarregá-las, como mostra o conector perto da lanterna.

(Imagem: divulgação)

Mesmo com o sobrepeso das baterias, sua capacidade de carga chegava a 800 kg. O motor de 16 kW (o equivalente a 23 cv), com picos de 32 kW (45 cv), levava aquela Kombi de 2.170 kg aos 75 km/h de velocidade máxima. Nada mau para um veículo de carga. O torque de 16 kgfm também não era ruim, e melhor ainda eram os 85 km de autonomia. E o sistema de recuperação da energia dissipada dos freios, que parece coisa nova, já era de série na agora cinquentenária Kombi.

(Imagem: divulgação)

"Mas durante décadas não havia tecnologia de bateria realmente prática. Hoje é diferente", explica a Volkswagen porque não foi adiante com o projeto.

(Imagem: divulgação)

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.