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Mora nos Clássicos

Federação internacional critica clássicos elétricos: "não é mais histórico"

Rodrigo Mora

22/10/2019 07h00

(SÃO PAULO) – Há décadas carros clássicos têm seus motores a combustão substituídos por sistemas elétricos. Mas, tais conversões ganharam certa evidência depois que a Jaguar apresentou o E-Type Zero, em 2017. A partir daí, a lista de montadoras envolvidas nessa espécie de troca de sexo só aumentou: Mini, Renault, Aston Martin e Volkswagen também embarcaram no que parece ser uma estratégia de recorrer a legados históricos para promover a tecnologia que determinará o futuro do automóvel.

Pois a Fédération Internationale des Véhicules Anciens, entidade máxima do antigomobilismo, não tem gostado da ideia. Na última semana, soltou um comunicado reconhecendo as razões que levam às conversões, mas também contestando o valor histórico de antigos movidos por qualquer outra coisa que não um motor a combustão.

"A Federação Internacional de Veículos Antigos entende a motivação de alguns proprietários ao eletrificar seus veículos, e reconhece que, sujeito a legislação e regulamentos, toda modificação é uma escolha pessoal. No entanto, como uma organização dedicada à preservação, proteção e promoção de veículos históricos, não pode promover aos proprietários ou reguladores o uso de componentes modernos de eletrificação para substituir o trem de força de um veículo histórico", justifica-se.

Para não restar dúvida, crava: "a conversão de um motor original a combustão para um elétrico não está de acordo com a definição do que é um veículo histórico para a FIVA. Na visão da entidade, veículos assim convertidos deixam de ser históricos".

E reforça que, para ser legalmente um veículo histórico, é preciso ter propulsão mecânica, ter ao menos 30 anos, estar preservado em sua correta condição histórica e não ser usado como transporte diário.

"Não é, em nossa opinião, a forma ou o estilo de um veículo que o torna" histórico ", mas a maneira pela qual todo o veículo foi construído e fabricado em sua forma original", conclui Tiddo Brester, vice-presidente de legislação da FIVA, fundada em 1966 e hoje com 2 milhões de membros em 65 países do mundo.

Você trocaria o V8 de um Jaguar E-Type por um conjunto elétrico? (Imagem: divulgação)

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.