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Mora nos Clássicos

Hoje sedã e híbrido, Corolla já foi esportivo acessível e estrela de mangá

Rodrigo Mora

05/09/2019 07h00

(SÃO PAULO) – Há oito gerações o Toyota Corolla é um sedã tradicional, pragmático e não muito afeito a retribuir com endorfina quem o dirige. É a escolha de motoristas que não correm riscos, se vestem de bege e precisam de segurança e previsibilidade para viver. É a zona de conforto sobre rodas.

No entanto, houve uma curta fase na sua história de 53 anos em que o modelo de ascendência japonesa deixou o shiatsu de lado para virar kamikaze.

Sprinter Trueno GT-S cupê (Imagem: divulgação)

Da quarta para a quinta geração, que estreou em 1983, o Corolla atravessou a mudança mais radical na sua então curta carreira. Novo visual, incremento na lista de equipamentos e mais oferta de motores foram frivolidades perto da troca da tração traseira pela dianteira – mais simples, mais barata e que melhorava o consumo e o espaço interno.

Mas havia uma ovelha negra na família. Ou melhor, duas: Sprinter Trueno e Corolla Levin. Que eram praticamente o mesmo carro (Sprinter sempre foi um sósia mais esportivo do Corolla), com a diferença que o primeiro tinha faróis escamoteáveis e o segundo levava um conjunto convencional, retangular. A carroceria podia ser cupê ou liftback.

Corolla Levin liftback (Imagem: divulgação)

Ambos mantiveram a tração traseira e eram equipados com um motor 1.6 16V de 130 cv e 15 kgfm de torque, acoplado a um câmbio manual de cinco marchas (com opção de diferencial de deslizamento limitado). Suspensão independente na frente e four-link atrás. Entusiastas compravam esse. Pais de família as demais versões.

(Imagem: divulgação)

Potente na medida certa, leve, de tração traseira e preço acessível, logo fez sucesso. É um carro, até hoje, tão adorado e tão específico na carreira do Corolla que seu código interno, AE86 , virou praticamente um sobrenome. E Hachi Roku, que em japonês significa oito e seis, é outro apelido do Corolla mais legal de todos os tempos.

Réplica do Sprinter Trueno usado no mangá Initial D (Imagem: divulgação)

Talvez o que mais simbolize sua subversão e explique do que um AE86 é capaz seja o mangá Initial D, de meados dos anos 1990. O protagonista, Takumi Fujiwara, é um estudante que de manhã entrega tofus da loja de seu pai ao volante de um Sprinter Trueno branco, e à noite serpenteia as estradas montanhosas fazendo drift. Uma legião de crianças japonesas começou a gostar de carros por causa do Initial D e do AE86, dizem. Nos anos 2000, o AE86 foi parar em games como Need For Speed e Forza Motorsport. 

Produzido somente entre 1983 e 1987, tem ainda o carimbo da raridade, essencial a quem pretende ser clássico.

Sprinter Trueno liftback (Imagem: divulgação)

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.