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Da pista pra rua: Porsche 911 GT3 faz 20 anos; relembre as três gerações

Rodrigo Mora

11/08/2019 07h00

911 GT3 chega aos 20 anos reunindo três gerações (Imagem: divulgação)

(SÃO PAULO) – Há vinte anos, a Porsche apresentava a primeira geração do 911 GT3, carro que, nas palavras da própria marca, eliminou "de uma vez por todas a divisão entre pistas de corridas e estradas".

A intimidade da Porsche com pistas de corrida é bem anterior ao GT3, que surgiu quando o 911 já estava na quinta geração. Em julho de 1948, cerca de um mês após ser montado artesanalmente em Gmund, na Áustria, o 356 001 participou de uma corrida em Innsbruck, vencendo em sua categoria.

Com a produção em escala (a partir de 1950 e não mais em Gmund, mas em Stuttgart, na Alemanha), proprietários passaram a participar de corridas locais com seus 356 – o que estimulou a Porsche a competir, estreando naquele mesmo ano nas 24 Horas de Le Mans. O que veio a seguir foram muitas corridas a muitas vitórias.

Porsche 550 Spyder (Imagem: Bonhams/divulgação)

O 911 GT3 é um carro de corrida habilitado para rodar nas ruas. Mas o que foi o 550 Spyder, de 1954, senão o primeiro Porsche construído especificamente para corridas, com seu motor central de 1,5 litro e 110 cv e um legado de vitórias em Nurbürgring, Targa Florio e Le Mans? E ainda assim você podia comprar um para dirigir fora as pistas.

O mesmo dá para dizer do 904 Carrera GTS, de 1964. Aliás, a partir de 1955, todo carro que tinha motor desenvolvido para competições levava o sobre nome "Carrera". Como o 356 A 1500 GS Carrera, cujos para-choques podiam ser removidos na hora de entrar na pista.

Então é apresentado, durante o Salão de Paris de 1972, o Carrera RS. Com seu motor 2.7 de 210 cv e seu aerofólio traseiro instantaneamente apelidado de "ducktail", era nada além de um 911S com mais poderes para as corridas. É unanime sua influência sobre o 911 GT3. "Todos os Porsches 911 GT3 são sucessores legítimos do 911 RS 2.7, que foi o mais esportivo e mais desenvolvido Porsche 911 de sua época", observa Walter Röhrl, bicampeão mundial de rali.

911 Carrera RS 2.7 (Imagem: divulgação)

Daí é inevitável questionar: se tratando de Porsche, será que algum dia houve a tal "divisão entre pistas de corridas e estradas"?

GT3 996 

Quando fora apresentada, durante o Salão de Genebra de 1999, a primeira geração do GT3 surgiu na quinta encarnação do 911, denominada 996 e a primeira com motor refrigerado a água. Acidentalmente (ou não), o GT3 estreou justamente na fase em que o 911 era menos aplaudido visualmente.

911 GT3 996 (Imagem: divulgação)

Sua filosofia era simples: "peso reduzido e o acurado e inteligente acerto de todos os componentes são mais importantes nas pistas de corrida do que o exagero no volume e número de cilindros dos motores", define a Porsche.

Naturalmente aspirado, o motor 3.6 seis-cilindros rendia 360 cv a 7.200 rpm, com torque de 37,7 kgfm a 5.000 rpm. Resultado: 0 a 100 km/h em 4,8 segundos, 0 a 200 km/h em 15,8 e velocidade máxima de 302 km/h.

911 GT3 996 (Imagem: divulgação)

"Esse tipo de desempenho excepcional foi possibilitado não apenas pelo motor boxer testado nas pistas, mas também por um completo e bem acertado pacote de inovações de engenharia. A transmissão manual de seis marchas, originária do Porsche 911 GT2, foi adaptada para a rotação e o desempenho do motor GT3, impressionando até mesmo pilotos profissionais de competição por simplificar a mudança de relações de marchas para pistas diferentes e a reposição de peças gastas, além de permitir até mesmo uma reserva potencial para versões de competição ainda mais potentes", relembra a marca.

Outras exclusividades em relação aos demais 911 eram a suspensão mais firme e rebaixada em 30 milímetros, molas de competição reguláveis, vidros mais finos e freios maiores. No interior, ar-condicionado, rádio e banco traseiro ausentavam-se em prol da redução de peso,

911 GT3 996 (Imagem: divulgação)

A versão Clubsport incluía um conjunto de itens típico de carro de corrida: gaiola anticapotagem, forros dos bancos com tecido resistente ao fogo e um interruptor mestre da bateria. 

Em 2003, uma atualização (996.2) estética leve foi acompanhada por um salto no motor, agora com 381 cv e 39,3 kgfm de torque, que levavam o esportivo aos 100 km/h em 4,5 segundos e à máxima de 306 km/h.

GT3 997 

A segunda geração do 911 GT3 também escolheu o Salão de Genebra para estrear, em 2006.  Agora com o motor 3.6 girando a incríveis 8.400 rpm e rendendo 415 cv e 41,3 kgfm de torque, o cupê voltava a arrancar suspiros também quando o assunto era visual.

911 GT3 997 (Imagem: divulgação)

E esse foi o primeiro GT3 a contar com o Porsche Active Suspension Management (PASM), que permitia regulagens da suspensão e dos amortecedores e também trazia controle de tração. Na cabine, a forração em Alcantara nos bancos passou a ser de série.

Uma revisão (997.2) chegou em 2009, com o motor saltando de 3,6 para 3,8 litros, alcançando assim 435 cv e 43,8 kgfm de torque. Além de mais rápido, o GT3 agora estava mais amigável no dia a dia, graças à elevação do torque nas rotações intermediárias.

911 GT3 997.1 (Imagem: divulgação)

GT3 991 

Ao completar 50 anos, em 2013, o 911 ganhou de presente a terceira safra do GT3 – que já acumulava mais de 14 mil emplacamentos. Seus números eram estonteantes: 475 cv a 8.250 rpm, 0 a 100 km/h em 3,5 segundos e máxima de 315 km/h.

911 GT3 991 (Imagem: divulgação)

Destaque nessa geração foi a inclusão da transmissão automatizada PDK, de sete marchas e dupla embreagem, com trocas ascendentes em menos de 100 milésimos de segundo. Outra novidade foi o eixo traseiro esterçante, cujo efeito virtual de um entre-eixos menor ou maior tornava o carro mais arisco ou estável, respectivamente.

Em 2017, a versão 991.2 aumentava a cilindrada para 4 litros, chegando a 500 cv.

911 GT3 991.2 (Imagem: divulgação)

E o melhor: neste exato momento, o quarto GT3, baseado na oitava geração do 911 (992), está em gestação.

 

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.