Topo

Mora nos Clássicos

Para encontro ser bom, seleção de carros e até dia da semana contam

Rodrigo Mora

09/06/2019 08h00

(SÃO PAULO) – Sob a garoa que caiu no Sambódromo do Anhembi na última terça-feira (4), a temperatura parecia ainda mais baixa do que os 15 graus registrados pelos termômetros. Mesmo assim, muitas pessoas enfrentaram o frio para ver de perto cerca de 200 carros, durante a Noite do Fusca do AutoShow Collection.

Tudo bem, o protagonista do evento é um ímã que garante qualquer bilheteria. Mas se resume ao modelo homenageado a receita de um bom encontro de clássicos?

Para Ricargo Berg, idealizador do encontro da Fazenda da Grama, não funciona restringir o tema do encontro: "tem que ser generalizado, mas sempre levando em conta o critério na escolha dos carros". Sua filosofia parece ter dado certo, pois na última edição do evento viu-se de Saab 900 Turbo S 16 Aero a Jaguar XK 150, passando por Ferrari 308 GTB e Allard J2.

Estrutura também conta, mas não é essencial, segundo Berg. "O principal é a seleção dos carros e das pessoas. Não se trata de um ser melhor do que o outro, mas sim de reunir tribos similares", avalia.

Diversidade no Encontro da Fazenda da Grama: Ford, Mercedes, Chevrolet..

Por isso, o 6o Encontro Brasileiro de Autos Antigos terá uma área especial para os Rat Rods, que carregam um visual desgastado na carroceria – e nada têm a ver com os demais veículos expostos, que priorizam a originalidade.

Os organizadores também prometem repetir uma fórmula que praticam há 18 anos (é deles também o encontro mensal da Estação da Luz): "só podem ser expostos veículos com 30 anos ou mais. Os que são fabricados entre 1980 e 1989 só podem entrar para a exposição se possuírem placa preta", avisa Vanessa Abonante, diretora do evento.

Há três meses, o autódromo de Interlagos voltou a receber um encontro de carros antigos, o Offcarmoto Show. Para Marcelo Carloviche, segurança e ambiente familiar são os pilares para um evento "pegar". Chegar à fórmula para isso acontecer não é simples, porém. "Aprendi que tudo, absolutamente tudo influencia. Desde o acesso ao local, aos horários, aos custos do que é vendido ali e principalmente à forma com que expositores e participantes são tratados . Quem volta a algum lugar que não é bem atendido?", questiona o organizador.

O dia também é importante. "Na semana, o melhor dia é a terça-feira, até porque já existe o AutoShow Collection e os frequentadores se organizam em volta disso. Além do mais, quarta e quinta são dias de futebol, e sexta é complicado tirar alguém de casa pra ver carro antigo", completa Carloviche.

Quem frequenta esse tipo de evento sabe que há automóveis de todas as épocas, variados estilos e, principalmente, níveis de qualidade. E não há quem não pergunte a si mesmo: não dá pra barrar carros muito detonados e fazer uma seleção?

"Isso é muito difícil. Na minha opinião, só existe um remédio, além de divulgar que tal modelo é proibido, o que não acho legal: o tempo. Com o passar dos encontros, o ambiente vai se formando e com isso quem não se enquadra no "perfil " do encontro, acaba naturalmente se afastando", avalia Carloviche.

 

 

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.