Topo

Mora nos Clássicos

Comediante Jerry Seinfeld é processado por supostamente vender 356 falso

Rodrigo Mora

07/02/2019 07h00

(SÃO PAULO) – Em março de 2016, o comediante norte-americano Jerry Seinfeld reuniu 16 dos seus Porsches e incumbiu a Gooding & Company de leiloá-los. Na lista, entre outros, raridades como 911 Carrera 3.0 IROC RSR, 597 Jagdwagen, 550 Spyder e um 911 1966 com apenas 30 mil quilômetros. O mundo automotivo se perguntou: "por que um fã da Porsche venderia Porsches tão raros e especiais sem (aparentemente) precisar de grana?". Seinfeld simplesmente respondeu: "é hora de devolver alguns deles de volta ao mundo". Havia também uma Kombi Camper 1964 e um Fusca 1960.

356 A 1500 GS/GT Carrera Speedster (Imagem: Gooding & Company/divulgação)

Um dos dois únicos protótipos existentes do Carrera GT encalhou. Os outros 17 carros foram embora, somando US$ 22,2 milhões – valor consideravelmente aquém dos US$ 32,5 milhões estimados pela coleção. Entre os Porsches que foram vendidos estava uma das 56 unidades do 356 A 1500 GS/GT Carrera Speedster com carroceria em alumínio, avaliada entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões, mas no fim arrematada por US$ 1,54 milhão.

Passados quase dois anos, o comprador (uma empresa de Jersey, Estados Unidos, registrada como Fica Frio Limited) desse modelo registrou, na última sexta-feira, um processo contra o comediante, alegando que o 356 A 1500 GS/GT Carrera Speedster é falso. Que passou por uma inspeção realizada por um revendedor de Porsches clássicos, de onde viera à tona a desconfiança da originalidade do 356.

356 A 1500 GS/GT Carrera Speedster (Imagem: Gooding & Company/divulgação)

Fornecedor de peças para restauradores de Porsche, o americano Bradley Brownell compartilhou com o blog que "determinar a autenticidade de carros que foram provavelmente usados como carros de corrida nos anos 1950 muitas vezes é mais difícil do que parece".

Por outro lado, a Gooding & Company afirma que a European Collectibles havia executado no 356 uma restauração digna de concursos de elegância. "Sendo uma das oficinas mais conceituadas na restauração de Porsches, acho difícil acreditar que um GS/GT falsificado passaria por suas mãos sem que percebessem. Além disso, o carro veio com uma cópia do certificado de autenticidade da Porsche", reflete Brownnell.

O advogado de Seinfeld, Orin Snyder, afirmou que o comediante pediu à Fica Frio Limited evidências que sustentem a alegação, mas que a empresa o ignorou entrou com o processo "frívolo", nas palavras do advogado. Mesmo assim, "Seinfeld está disposto a fazer o que é certo e justo, e estamos confiantes de que o tribunal apoiará a necessidade de um avaliador externo para examinar a proveniência do carro", disse.

Será que Jerry Seinfeld arranharia sua reputação de colecionador por conta de apenas um carro, entre tantos da sua coleção? O certificado de originalidade expedido pela própria fabricante do carro vale menos do que a palavra de um revendedor de clássicos? Por que demorou quase dois anos até que o comprador desconfiasse da genuinidade do 356? A ver.

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.