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Mora nos Clássicos

Ferrari já usou carros da Alfa Romeo e um deles pode chegar a R$ 25 milhões

Rodrigo Mora

11/07/2018 08h00

(SÃO PAULO) – Foi em 18 de fevereiro de 1898 que Enzo Anselmo Ferrari nasceu, na área suburbana de Modena, Itália. Era filho de um fabricante de estruturas metálicas com certa prosperidade que planejava entregar seus negócios aos filhos. O problema é que Alfredo, um deles, morreu em 1916, durante a I Guerra Mundial. Pouco tempo antes dele próprio, também Alfredo, falecer.

Enzo está abalado com as mortes do pai e do irmão, mas ainda mantém a paixão pelas corridas – passatempo dos três homens da família Ferrari desde que Enzo tinha dez anos. Para ele, era a personificação da valentia. Era a única vida que um homem de verdade poderia viver.

Sem os negócios da família para tocar, se recuperando de uma doença quase mortal adquirida durante a Guerra – na qual ele também servira – e rejeitado profissionalmente pela família Agnelli, dona da Fiat, só restou a Enzo seguir o sonho de ser piloto. A estreia acontece em 1919, pilotando um C.M.N (Costruzioni Meccaniche Nazionali) 2.3 de 4 cilindros, na competição de subida de colina Parma-Poggio di Berceto. Chega em quarto colocado.

No ano seguinte, assume o volante de modelos da Alfa Romeo nas corridas, para só em 1929 criar a Scuderia Ferrari, um braço de competições da marca conterrânea. Ocorre que em 1933 a Alfa entra em estado de insolvência, incapaz de pagar suas dívidas. É quando o carro das fotos entra em cena: na divisão do que sobrou da empresa, a Ferrari fica com os 13 Tipo B fabricados até então.

Alfa Romeo Tipo B 1935 vai a leilão com lance mínimo de R$ 22,7 milhões

O modelo – um dos primeiros monopostos de que se tem notícia – fora produzido pela Alfa Romeo, em Milão, em duas fornadas: seis deles em 1932 e outros seis em 1933. Tinha motor de 3,2 litros. O das fotos é o 13o, feito pela própria Ferrari, em Modena, com peças sobressalentes.

Venceu algumas corridas em 1935 antes de ser aposentado, no final daquele ano. É o último carro da Alfa Romeo a conquistar o lugar mais alto de um pódio antes da II Guerra Mundial. A marca só voltaria a vencer corridas em 1950.

Carro era da Alfa, mas quem corria era a Ferrari

Não se sabe ao certo quantos dos 13 Tipo B restaram. Um deles, chassis número 50006, foi arrematado em leilão realizado pela RM Sotheby's no ano passado por € 3,92 milhões (R$ 17,49 milhões). Agora é a vez do chassis número 50007 ir a leilão, na próxima sexta-feira (13), durante o Goodwood Festival of Speed, na Inglaterra. A Bonhams espera vendê-lo por algo entre £ 4,5 milhões e £ 5 milhões (R$ 22,7 milhões e R$ 25,2 milhões).

A parceria entre Enzo Ferrari e a Alfa Romeo chega ao fim em setembro de 1939, e a partir daquele momento a obstinação de "il Commendatore" é criar os próprios carros da Scuderia Ferrari. Por ironia do destino, Enzo usa como base de seus primeiros bólidos modelos da Fiat – aquela que o negara um emprego décadas antes.

No interior, só o essencial

 

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.