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Mora nos Clássicos

Carro que hiberna é certeza de quebra; saiba como evitar frustrações

Rodrigo Mora

06/05/2018 08h00

Sempre que vejo um Passat, lembro daquele LS 1981 que foi do meu avô. Aposto que até hoje ele, o carro, estaria em ótimo estado. Porque ele, o pai do meu pai, tinha a manha de passar graxa nos para-choques de aço para protegê-los da ferrugem e da maresia típica do litoral, onde ele decidiu viver a velhice.

Dirigia pouco, fazia quase tudo a pé, e por isso o Passat tinha poucos quilômetros rodados – não sei quantos, e nem faria diferença para uma criança saber se eram 20, 20 mil ou 200 mil; meu avô dizia que eram poucos, então eram poucos.

Ele faleceu em 1990 e meu pai herdou o Passat. Naquela época, o antigomobilismo não era tão popular quanto hoje, então é difícil dizer se aquele Volkswagen estaria conosco até hoje. Até porque ele foi roubado meses depois, enquanto meu pai tinha sua primeira aula de inglês, no Cel.Lep de Santo André.

Lembrei daquela graxa dos para-choques – que meu avô tinha que reaplicar nos finais de semana em que eu e meus primos íamos visita-lo, porque a gente não obedecia e metia a mão neles, curiosos por aquela gosma – levantando algumas dicas para quem deixa seu carro antigo parado por algum tempo. A coisa vai muito além de besuntar peças de aço.

Um dos procedimentos importantes é instalar uma chave geral ligada ao pólo negativo da bateria. O investimento é baixo, é fácil de manusear e evita que a carga da bateria se dissipe. Outra prioridade deve ser o carburador: sensível a adulterações de combustível, é um dos itens que mais dão trabalho. Se o carro ficar parado por mais de seis meses, é preciso esgotar boias e cubas para que a gasolina não apodreça e contamine outras partes da alimentação.

Quanto aos pneus, mantenha-os calibrados e hidratados com gel específico para borracha. E o freio de estacionamento deve permanecer desativado, evitando o travamento das rodas.

Depois cheque o nível do fluido do sistema de freios, que deve manter sempre a cor original e estar no nível correto especificado pela montadora.

Em relação à estética, é importante que o carro fique em local seco, protegido do sol e da chuva. Se possível, guarde-o sob uma capa feita em TNT, tipo de tecido sintético que não agride a pintura.

Por fim, com a cabine limpa, é recomendável instalar um desumidificador, que evitará que fungos e bactérias se proliferarem nas forrações, evitando desgaste e envelhecimento.

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.