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Mora nos Clássicos

Conheça Ferrari F40 que veio ao Salão de SP de 1990 e não voltou

Rodrigo Mora

25/01/2018 04h00

Outubro de 1990. Então presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello senta ao volante do cupê Ferrari F40. Foram oito quilômetros entre a Granja do Torto e a Casa da Dinda, sob o onipresente calor de Brasília (DF) — a sorte de Collor era que o único item de luxo do modelo é o ar-condicionado.

Superesportivo produzido entre 1987 a 1992, por ocasião dos 40 anos da Ferrari, o F40 teve entre 1.311 e 1.315 unidades produzidas, todas na cor vermelha. Mas isso era um cálculo para o resto do mundo. Para o Brasil, era um sonho! Até então proibidos de entrar no país, os carros importados só foram liberados naquele ano.

Então o esportivo mais poderoso do planeta, podia alcançar máxima de 324 km/h, com aceleração de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos, dados que faziam dele o modelo homologado para a rua à época. Tudo fruto da mistura do baixo peso (1.100 quilos para um modelo de 4,36 m de comprimento) e do motor V8  central-traseiro, longitudinal, 2,9 litros, 32 válvulas, com turbo (uma derivação do coração que equipava o antecessor 288 GTO).

Acabou sendo o principal convidado para o Salão do Automóvel de São Paulo, estrela do estande da Fiat. Uma semana antes, porém, fez o pit stop na capital federal para o rolê do presidente, que tinha fama de playboy e adorava se exibir a bordo de carros e jet skis.

Foi e não voltou

Passou a volta com o presidente, passou o Salão de SP. Houve teste e capa de revista, fotos… e  o F40 nunca retornou à Italia.

Não há registros oficiais sobre a trajetória daquele F40 nos últimos 27 anos, mas tudo indica que trata-se do mesmo exemplar que você vê neste blog, que fecha o ano em que a marca Ferrari completa 70 anos.

Há cerca de dez anos, o modelo repousa — com apenas 6.406 km no odômetro — na FBFCollezione, garagem localizada em Ribeirão Preto, a 305 quilômetros da capital paulista. Foi comprado por um empresário local, que manteve o carro guardado. "Saio pouco com ela, pois chama muita atenção e é um carro muito baixo, difícil de guiar nas ruas", diz o proprietário.

Tem toda razão.

Concebido nas pistas

Esse F40 foi criado como um carro de corrida autorizado a andar nas ruas. Foi o último carro aprovado por Enzo Ferrari, fundador da marca, falecido em 14 de agosto de 1988. Ainda hoje, é considerado um dos automóveis mais viscerais de todos os tempos — e também um dos mais polêmicos da Ferrari.

Também um dos mais caros: a ideia era que custasse ao redor de US$ 280 mil, mas saltou para US$ 400 mil no lançamento. Hoje, é raro encontrar à venda. Em 2016, um modelo 1989 foi leiloado por 1.036.000 euros, o equivalente a R$ 4 milhões.

Este exemplar encontrado no interior paulista não circula facilmente, fica descansando seus músculos. Mas só de saber que ele está por perto, não na distante Maranello, já é o bastante para acelerar o coração dos amantes de clássicos e superesportivos.

* Siga Rodrigo Mora e seus clássicos no Instagram: @moranoscarros

Sobre o autor

Rodrigo não Mora apenas nos Clássicos. Em sua trajetória no jornalismo automotivo, já passou por Auto+, iG, G1, Folha de S. Paulo e A Tarde - sempre em busca do que os carros têm a dizer. Hoje, reúne todos - clássicos e novos - nas páginas das revistas Carbono UOMO e Ahead Mag e no seu Instagram, @moranoscarros.

Sobre o blog

O blog Mora nos Clássicos contará as grandes histórias sobre as pessoas e os carros do universo antigo mobilista. Nesse percurso, visitará museus, eventos e encontros de automóveis antigos - com um pouco de sorte, dirigirá alguns deles também.